PARA DENTRO
como águas que
jorram
para dentro
dei para pisar
o rangido dos
ventos
dei para virar
em volta dos
passos
dei para lavrar a
veia
em que piso
dei para revolver
os ossos
APRENDI O VENTO
aprendi o vento
nas traves doendo
aprendi no escuro
das traves
aprendi nas telhas
moendo seu sopro
aprendi como um
bicho
aprende o uivo
de outro bicho
como a viga
o estalido
de outra viga
AQUI NÃO SÃO
aqui não são
músculos de tijolo
aqui já a porta
estrala
como de vértebras
aqui as tesouras
cortam
os cabelos da casa
aparam as unhas
dos mortos
aqui os passos têm
fome
aqui a porta bate
cortando no meio a
noite
aqui as paredes
abrigam
ouvidos de carne
O QUE CARREGA
o que carrega a
seiva
que seu musgo de
úmido
do seu escuro de
bosque
do meu sangue no
úmido
do meu corpo no
escuro
do meu olho no
fundo
do seu nome
MEMÓRIA
abundância de rastros
que não se
cancelam
fascinados pelo
assombro
de atravessar as
esperas
com seus passos
abortos
subindo pelas
artérias
em busca de outro
corpo
---
Fonte:
Revista Brasileira: Fase VII - Julho-Agosto-Setembro 2007 - Ano XIII - Nº 52
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