FERROVIA X RODOVIA
Lá vem um trem
correndo vem
fazendo curva
jogando apito
cheio de trem...
Eu vejo um trem
um outro trem.
Trem. Mais trem.
É trem que chega
trazendo gente
cheia de trem.
Trem. Muito trem.
Que tenho eu
com esse trem
que longe vem
se não me traz
nenhum alguém?
ESTAÇÃO FERROVIÁRIA X RODOVIÁRIA
Era um bonito
prédio
altivo soberbo
imponente
- próprio para
encontros e despedidas -
lembrava até um
pássaro branco branco
prestes a voar
Erguido no vértice
de duas avenidas
como se estivesse
a namorar
noite e dia a
bucólica confluência
de nossas praças e
ruas
que pareciam
franjas
trilhadas e
bordadas...
De um lado
por caminhos de
areia
e de outro
por trilheiros de
aço
que se estendiam
ao longo da vida...
Tinha voz tinha
silvo tinha eco
para os encontros
e despedidas.
...............................
AREIA X ASFALTO
“... areia da grossa, areia da
fina... areia me faça ficar pequenina”. Palavras mágicas da fada do Sininho, do
livro PETER PAN, não povoaram meu universo fantasioso de criança, mas areias
quentes e escaldantes, sulcadas por rodas de carroça, carros-de-boi, cruzando
preguiçosamente as ruas e avenidas que permearam nossa infância:
Olhando pra rua
me vejo criança
me vejo menina
deitada na areia
brincando na areia
fazendo castelos
castelos de
areia...
Me sinto mulher
e olho pra rua...
Ah eu tenho
desejos
( ah! desejos
impossíveis)
de ser outra vez
criança
de deitar na rua
de brincar na
areia
de fazer castelos
castelos de
areia...
Hoje só me restam
os castelos de areia!
... areia, como o sonho e
vontade, parecia não ter fim e, aos poucos, vieram a pedra, o pedrisco e betume
tomando o lugar da grossa areia das ruas e avenidas. Era o progresso chegando,
mudando o cenário, a paisagem e o próprio chão... E a memória silenciosa tem um
poder que muito nos fala:
“Ontem, Avenida
Central
Hoje, Antônio
Trajano
90 anos de
passarela:
......................
e nesse mosaico
de apitos acenos
ponteiros
reces cânticos
árvores areia
pedras
e silhuetas
humana, animais e
vegetais
há
90 anos de
passarela!
Ontem, Avenida
Central,
Hoje, Antônio
Trajano”
RIO SUCURIÚ X RIO PARANÁ
Rio caudaloso
espia e espelha
velha ponte.
Pedaço de nós.
e
De assalto em
assalto
acabaram-se os
saltos
de Itapura e
Urubupungá
TRÊS LAGOAS – EM PROSA E VERSO
Entre agora e
depois
o instante é ponte
que me leva ao
amanhã.
Quanto tempo se passou desde
que a história de um povo era transmitida pelos mais velhos a seus
descendentes. Contada e recontada, preservaram-se os costumes de um grupo,
região ou comunidade. Hoje nesse mundo globalizado, as máquinas, e-mails,
faxes, telefones e webcans aproximam pessoas e entidades nos mais distantes
lugares, tornando o processo mais rápido e eficiente. Poucos, bem poucos
conheciam o ontem de sua família, cidade ou país. Parece que memorizar são
coisas de antigamente... Mesmo assim, muitos mal vivem o hoje e o hoje é
véspera do futuro... e a humanidade está mais voltada para o amanhã. Ao trazer
alguns aspectos marcantes do início de nossa cidade, não o faço por saudosismo,
mas para oferecer aos estudantes e jovens, leitores e amigos, um pouco desse
passado tão esquecido ou pouco divulgado. Tentamos fazê-lo esperando contribuir,
em parte, para resgatar, vultos, fatos ou eventos da (ex) Caçula de MS. “A
memória não é útil somente para dar erudição. Também o é para a conduta da
vida...”
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Fonte:
Revista da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras: nº 4 - junho de 2004.
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