A PROFECIA
Um dia linda negra
aqui virá
Para livrar seu
povo da escravidão.
Moça virgem, o céu
merecerá
Pois ela ao prazer
sempre dirá não.
Touro encantado
aqui enfrentará
Nua, com punhal de
prata não mão.
Poderá para sempre
se calar
Mas livrará do
tronco seu irmão.
A luta só terá um
vencedor
E a negra só
poderá vencer
Se realmente toda
virgem for.
Mesmo assim, algo
pode acontecer
E tudo, tudo cedo
acabar
Sem a palavra se
realizar.
PUNHAL E LUA CHEIA
Prata de branco
punhal virou
Tudo o que faltava
chegou
O banho Rosa foi
tomar
A lua cheia já vai
chegar
O povo o canto já
entoou
Bem forte e perto
soa o tambor
Pega o punhal de
prata co’a mão
E o beija cheia de
emoção
O povo da senzala
todo chora
Todos sabem que é
chegada a hora
Rosa parte rumo ao
destino
E a moça de tão
tenra idade
Busca pra seu povo
a liberdade
A SEMENTE
Tal e qual o
lavrador
Que bem cedo
planta uva
E depois colhe
limão,
Vou semear Amor
Pela estrada, a
cada curva,
Pelo céu e pelo
chão,
Para quando mais
velho eu for
Colher após uma
chuva
Uns ramos de
solidão
NO FUNDO DO ABISMO
No meio do
caminho,
Nenhuma pedra,
Um abismo
Nenhuma ponte...
No fim do abismo,
Nenhuma pedra, um
fim
Nenhum caminho
AS MÃOS DE ONÃ
Tuas calejadas
mãos
Da qual a vida
escorre
Não tocam a linda
pele
Da criança não
gerada
Do sangue
derramado
No seio daquela
noite
Tão longamente
esperada
Sob a luz da
estrela fria.
Nessas tuas sujas
mãos
A vida não brotará
No fogo adubo não
gera
Mais que uma
crepitação
Teu sêmen no chão
também
Não produz
felicidade
Onã, teu sangue no
chão
Não trará mais
esperanças.
Tuas mãos viciadas
Do prazer
continuado
Úteros jamais
serão
Onã, planta uma
semente
Numa carne
verdadeira
Colha aquele doce
fruto
Que um dia também
foste
Com tuas mãos inda
puras
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