PÉROLA D´ALMA
(Imitação do Espanhol)
Desprende em gotas a aurora,
Um orvalho criador,
Que após forma linda perola,
Da concha no interior,
E ambas brilham de formosas
Quando o sol lhes dá vigor.
Tão forte enlace reúne
D´aurora a filha á conchinha,
Que se esta quebram, a outra
Quebra-se, morre, definha,
E vai na espuma das ondas
Como pena d’avezinha.
Também assim em minha alma
Uma perla está nascida
De tão delicada têmpera,
E com ela tão unida,
Que formam ambas um todo
E vivem da mesma vida.
Esta perla é minha, quero-lhe
Como a um filho quer a mãe;
É meu amor, minha crença,
Oh! não m´a quebre ninguém,
Nem m´a roube, que a minh’alma
Definha, o morre também.
(Imitação do Espanhol)
Desprende em gotas a aurora,
Um orvalho criador,
Que após forma linda perola,
Da concha no interior,
E ambas brilham de formosas
Quando o sol lhes dá vigor.
Tão forte enlace reúne
D´aurora a filha á conchinha,
Que se esta quebram, a outra
Quebra-se, morre, definha,
E vai na espuma das ondas
Como pena d’avezinha.
Também assim em minha alma
Uma perla está nascida
De tão delicada têmpera,
E com ela tão unida,
Que formam ambas um todo
E vivem da mesma vida.
Esta perla é minha, quero-lhe
Como a um filho quer a mãe;
É meu amor, minha crença,
Oh! não m´a quebre ninguém,
Nem m´a roube, que a minh’alma
Definha, o morre também.
CARIDADE
Improviso
Caridade, sê bem
vinda,
Ó anjo celestial!
Ó flor nascida no
céu
Entre o divino
rosal.
Sê bem vinda, tu
que sabes
As tristezas
consolar,
Tu que o pranto em
meigo alívio
Podes c’um riso
trocar.
Converte-se toda
em flores,
A santa esmola é
condão.
Unem-se almas
neste abraço,
É laço de irmão a
irmão.
Caridade, oh! sê
bem vinda
Formosa virgem dos
céus,
Tu que em azas benfazejas
Nos elevas até
Deus!
ONTEM, HOJE E AMANHÃ
Do Espanhol
Ontem, antes de
sair,
todo atento,
cuidadoso
o meu serafim
mimoso
fui contemplar a
dormir.
Co´a ternura do
desejo
Infinda, amante,
louca,
nas rosas da sua
boca
deixei um cândido
beijo.
Ao brilhar a luz
do dia
senti pousar-me na
frente
a mesma boca inocente,
que o beijo restituía.
No fulgor do seu
olhar,
nesse doce atar de
laços
dos seus
peregrinos braços,
deixei todo o meu
penar.
Hoje, que finda a
doçura
que me davas pomba
e flor,
sem caricias, sem
amor,
nem já sei o que é
ventura!
Porque ao meu
olhar te escondes
deixando-me trevas
só!
onde estás, filha?
tem dó,
chamo, não me
respondes!
Não te posso
procurar
que nesta ânsia de
sofrer,
noite e dia a
padecer,
pus-me cego de
chorar!
Amanhã eu quero, ó
Deus!
que fiquem p'ra
sempre unidos
aqueles despojos
qu'ridos,
os tristes
despojos meus!
Enlaçadas, verdes
palmas,
na mesma haste tão
de ver
na terra talvez
pender,
mas subir ao céu
as almas!
BEATRIZ
Das Rosas pálidas
Visão que surges
n´estas horas magicas
como eu te imploro
a suspirar por ti!
como eu te vejo
esvoaçar no espaço…
como aos teus
olhos meu olhar aprendi!
Ai! se lograsse de
minh'alma as trevas
nos raios teus
iluminar, estrela!...
Passai, ó nuvens
que toldais o astro,
deixai-me, nuvens,
adorá-la e vê-la!
Oh! quem poderá
esta existência dar-lhe
primícias pobres
de opulento amor,
e no meu êxtases
estreitá-la ao peito,
trocando em jubilo
esta imensa dor!
Ao longe, embora,
tu sorris altiva!...
e eu vivo e fico a
suspirar em vão!
Estrela esplende
no teu céu sereno,
mas dá-me um raio
d´esse teu clarão!
FLOR DO ASFALTO
Ó pálida flor do asfalto,
vaga e etérea, cintilante,
mergulhando em
longo salto
o pé breve e
palpitante.
Deslizas como um
aroma
que inebria e não
tem cor!
só no cristal da
redoma
desabrochas, nívea
flor!
És a musa da
anemia!
és o perfume da
anémona!
no sorriso, a
ironia,
no olhar, meiga
Desdêmona!
Oh! de um magro
cão vadio
osso – imã…
tentação!
doce alvorada do
esteio,
canto de ignota
paixão!
És um sonho, uma quimera,
uma renda de
Alençon.
hoje que a tisica
impera,
salve! Deusa do
bom tom!
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