ROBESPIERRE
Alma inquebrável –
bravo sonhador
De um fim
brilhante, de um poder ingente.
De seu cérebro
audaz – a luz ardente
É que[?] gerava a
treva do Terror...
Embuçada num
lívido fulgor
Su’alma colossal –
cruel – potente
Rompe as idades,
lúgubre – tremente –
Cheia de glórias,
maldições e dor!.
Há muito já que
ela – soberba ardida
Afogou-se –
cruenta e destemida
– Num dilúvio de
luz – Noventa e três...
Há muito já que
emudeceu na história
Mas, ainda hoje a
sua atroz memória
É o pesadelo mais
cruel dos reis!...
DANTON
Parece-me que o
vejo – iluminado –
Erguendo delirante
a grande fronte
– De um povo
inteiro o fúlgido horizonte
Cheio de luz, de
idéias constelado...
De seu crânio –
vulcão – a rubra lava
Foi que gerou essa
sublime aurora
– Noventa e três e
a levantou sonora
Na fronte audaz da
populaça brava...
Olhando para a
história – um séc’lo é a lente
Que mostra-me o
seu crânio resplandente
Do passado através
o véu profundo...
Há muito que
tombou – mas inquebrável
De sua voz o eco
formidável
Estruge ainda na
razão do mundo!...
MARAT
Foi a alma cruel
das barricadas...
Misto de luz e
lama... se ele ria
As púrpuras
gelavam-se e rangia
Mais de um trono
se dava gargalhadas...
Fanático da luz...
porém seguia
Do crime as
torvas, lívidas pisadas –
Armava à noute aos
corações ciladas –
Batia o despotismo
à luz do dia...
No seu cér’bro
tremendo negrejavam
Os planos mais
cruéis e cintilavam
As idéias mais
bravas e brilhantes.
Há muito que um
punhal gelou-lhe o seio...
Passou... deixou
na história um rastro cheio
De lágrimas e
luzes ofuscantes...
SAINT-JUST
Un discours de Saint-Just donna tout de suite
un caractère terrible au débat...
Raffy – Procès de
Louis XVI
Quando à tribuna
ele se ergueu, rugindo –
– Ao forte impulso
das paixões audazes
Ardente o lábio de
terríveis frases
E a luz do gênio
em seu olhar fulgindo
A tirania
estremeceu nas bases
De um rei na
fronte ressumou – pungindo.
Um suor de morte e
um terror infindo
Gelou o seio aos
cortesãos sequazes –
Uma alma nova
ergueu-se em cada peito,
Brotou em cada
peito uma esperança
De seu sono
acordou – firme – o Direito –
E Europa – o
mundo, mais que o mundo – a França
Sentiu numa hora,
sob o verbo seu,
As comoções que em
séc’clos não sofreu...
NO TÚMULO DE UM INGLÊS
Um sono gozas, bom
— no seio da soedade
Feliz!... não tens
o Sol de tu'Albion sombria
Mas tens o olhar
de Deus — O Sol da eternidade!...
És bem feliz mylord a triste ventania
Soluça nos
ciprestes os cantos da saudade...
Quem sabe se te
traz — em vozes de agonia—
Os risos e as
canções de tua mocidade!...
Estás livre do splen... invejo-te deveras...
Do túmulo a sombra
espanca as pálidas quimeras.
— Em teu berço de
pedra embala-te a soidão...
És bem feliz mylord — assim antes eu fora!...
Tu tens a calma
eterna, a solidão sonora
E tu não tens —
feliz — não tens — teu coração...
Fonte
"Toda a Poesia: Antologia Poética". Poeteiro Editor Digital. São Paulo, 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário