domingo, 25 de agosto de 2013

Fialho de Almeida: "A Ideia da Comadre Mônica"

A IDEIA DA COMADRE MÔNICA

Logo nos fins de Setembro, quando tinham caído as primeiras gotas de chuva,  o Canelas tratou de encetar a sua vindima. Não era cedo já, a falar sério. Havia duas semanas que o Garrocho começara,  e que muitos lavradores  tinham  aberto os  seus lagares.  A novidade prometia. O  Verão ia  temperado,  no  Inverno não chovera de mais, e desta moderação de clima provinha a riqueza  dos cachos e a  vigorosa  maturação dos frutos.  Feitas as  contas,  o  Canelas  devia  seis moedas ao todo.  O  da  Vanga  emprestara-lhe  três  libras para  comprar o jumento  na  feira  da  Vidigueira;  devia  quatro meias coroas ao  boticário, da doença da mulher; devia ao médico; devia uns fiados na loja; oito  mil réis,  das casitas.  Se fosse feliz na  colheita da  uva,  pagava  tudo  e ainda  guardava a  sua  tarefazita  de  vinho.  Deus ia  ajudando  um  homem, dizia  ele  para a 'mulher, e quando o pequeno fosse crescido melhor passariam. Assim,  uma  bela  manhã,  o Canelas com a  mulher e o filho deitaram caminho das  vinhas,  mais  o burro.  Pela  estrada  iam  encontrando os  ranchos de  vindimadores;  os rapazes trigueiros  e musculosos da  freguesia,  ceifões  e  polainas,  os chapéus,  de grosseiro  feltro,  derrubados  para  diante;  grupos de  raparigas, de sangue vivo, grandes olhos ardentes de meridionais, os cestos ao  quadril; velhos trabalhadores corcovados, de barrete, alforge ao ombro, atrás  dos seus jumentos vagarosos,  felpudos e pacíficos;  pesados  carros  de duas. rodas calçadas em chapas de ferro, luzentes do atrito no saibro das estradas e  pejados de enormes cestões de verga, para o carrego das uvas. A cada volta do  caminho convergiam veredas por onde  os  magotes derivavam,  dando «Boa fortuna!» aos  que se  dirigiam para  outro  sítio.  O  campo  naquele  tempo   começava a  perder  o viço.  Entre  vinhedos  de um  verde carregado,  emaranhado e pitorescamente confuso,  alastravam-se  a  perder  de vista  os  ferragiais amarelos,  secos  de raízes  do  trigo ceifado,  onde  as ovelhas  mansíssimas, sonoras de chocalhos, pasciam destroços, as ervagens finas dos  barrancos,  os fenos fibrosos  dos  córregos e as gramíneas deixadas nos  valados.  A região,  sem grandes depressões atrevidas,  sem cordilheiras de  arestas a  prumo,  oferecia  à  contemplação um  aspeto  sereno de  ondulações  graduais,  moldadas quase  na mesma  curva  regularíssima;  toda  a  zona  abrangida  num  olhar,  sofria  o cultivo solícito  e amigo da  aldeia  próxima,  branca aglomeração de casinholas de taipa, sem estrutura regular, desenhada  no  fundo cinzento, metálico  e um  pouco triste das grandes  oliveiras  de  troncos fendidos. A leste, no esfumado anil da massa de ar, linhas quebradas  de vales distantes esboçavam-se risonhamente na luz da manhã. Nos limites  da  freguesia,  a  herdade assinalava-se  com  azinheiras  gigantes  e sombrias,  grandes braços peludos de musgo, contorcidos como numa desesperação sem  remédio, contra o risonho céu transparente, bordado pelo algodão das nuvens  em farrapinhos ténues, como um capricho de criança. O Canelas dirigiu-se à  sua vinha, que ficava distante.

— Olha  se  nós  recolhemos  este ano um  potinho de vinho!...  Vendido, dava bem para um porco de quatro arrobas.

— O vinho há de estar barato — disse a Luísa, a esposa.

— E eu hei de ter uns sapatos — gritou o garoto, saltando com os seus  rijos pés imundos, na poeira da vereda. O burro, de orelha pendente, o passo  refletido,  o olhar tristonho e lírico,  ia  caminhando,  todo  coberto  de  moscardos. À frente de todos, o cão Bedelho corria e ladrava às perdizes. O ar  aquecia, o Sol rebentava no céu a cascata da sua luz crua e candente, enquanto  nos silvados e nas faias do próximo ribeiro os garotos dos melros, na frescura  úmida das folhas espalmadas, faziam troça da companhia.  

A vindima  durou-lhes quatro dias,  e a  novidade fundira-lhes  bem.  Foi  um  tempo  alegre,  o que  passaram.  Enquanto a  Luísa,  toda arregaçada,  de  chapeirão nos olhos, colhia os frutos mais o filho, cantando, o Canelas, com  uma vara de marmeleiro, dirigia o burro carregado com dois cestões cheios, da  vinha para a aldeia, e com outros dois vazios, da aldeia para a vinha. Quando  acabaram o tráfego, houve jantar de carne, para que foi convidada a vizinha  Mônica, madrinha do rapaz. E à noite, na banca da casa de fora, jogaram-se  cartas, a Padre-Nossos.

—  Quando for tempo —  disse a  Luísa  à  comadre —  há  de  provar um  copinho do nosso. — A Mônica arrebitou a penca, um riso guloso.

—  Agora para o Inverno, que é para aquecer. — E vieram as confidências,  os orgulhos do bom governo de casa, a feliz plenitude de não deverem nada a  ninguém, senão obrigações. Tinham pago ao médico, tinham pago à botica, ao  da Vanga os oito mil réis das casas... E ainda, na despensa, ao canto, fervia a  talhita de mosto, objeto das mais caras esperanças e base de uma abundância  de chouriços em casa pobre, no Inverno que ia entrar.

A Mônica, seca figura de viúva pobre, seios chatos e estéreis, um grande lenço  de chita preta no pescoço, as contas de louça desfiadas a  Glórias e a  Salve-Rainhas durante a monotonia dos serões, roía-se de inveja, um riso amarelo de  comilona e de  desamparada.  E  formulando bons desejos  que  não  sentia,  ia  pedindo a  Deus desse aos compadres  tanta  fortuna  como  desejava  para  si  própria. O casal agradecia. O Canelas, a espaços, esfregando as grossas mãos  de cavador, observava:

—  Esternos pagos e satisfeitos! Cinco senhoras!  

—  Esternos pagos e satisfeitos! — E, em coro, todos formulavam planos  de futura propriedade: a compra de uma courela à Barrada, a aquisição de uma  adega e a postura de bacelo, nas terras da Pichaleira. A Luísa tinha precisão de  um  capote  de pano  para  ir à  missa;  indagava  da  comadre qual era  o preço, queria do bom!

—  O meu — dizia a Mônica — custou-me quatro sobranos. Ainda foi no  tempo  do meu homem, que  Deus  tenha.  Que hoje!.  .  .  Quero  um  trapo de  uma saia e tenho de o ganhar.

Desde aquela  festança,  a  Mônica  cresceu de desvelos para  o afilhado,  vinha  todas as manhãs saber como tinha passado a comadre, e como estava o pote  do vinho.

—Nada para sustância como dois dedos de sumo. Logo pela manhãzinha,  que regalo!...

E armavam grandes  palestras a  respeito do tempo,  das  lavouras,  dos  casamentos e dos escândalos.  A  filha  do Cardoso  estava  maluca  pelo  Francisco da Balsa. Contavam-se coisas bonitas. O mundo ia por água abaixo. E,  por transições subtis,  aludiam ao  pote  da  despensa. Um domingo  provaram. Era todo vermelho, transparente e fluido, de um aroma delicado de  roupeiro  e moscatel.  «Boa gota, comadre!  Sim senhoras.  Boa  gota!» dizia  a  Mônica,  beberricando.  E com um  estalo de língua:  «É de rachar pedras,  caramba!» —  De tarde sentiram  a  cabeça pesada  e foram-se deitar muito  vermelhas. No outro dia, outra. Cada vez sabia melhor. O rapazito estava na escola, a tratos com o Monteverde. À noite, depois da ceia, o Canelas ia logo  para  a  cama,  cansado de cavar desde o romper do sol  nas fazendas  dos  senhores  proprietários da  terra,  e  não  dava  pela  falta.  Elas, as duas, em  se  apanhando sós, era aos quartilhos. E dilatadas em narrativas eróticas de frades,  de estudantes e mulheres infiéis â honra conjugal, passavam as tardes juntas e  os serões,  com grandes  risadas,  uma profusão de gestos  e de palavras,  certa  licença de epítetos, reparável.  

Finalmente,  pelo  Natal, o Canelas foi  emechar o seu vinho, segundo o uso.  Destapou o potito: Que diabo!. . . Estava quase meio. Chamou a Luísa, todo  desconsolado.

— Ó  mulher,  não sabes? Temos o pote  em meio.  Quem tirou daqui o  vinho?

A Luísa debruçou-se, muito admirada.  

—  Santo nome de Deus! — exclamou. E com um acento choroso: — Ora  vejam a nossa desgraça!  

—  Tu bebeste-lo, mulher! — afirmou o Canelas. Ela encarou-o duramente,  sem resposta. O Canelas aprumou-se, colérico.  

—  Tu vendeste-lo, mulher! — A Luísa voltou-lhe as costas, desdenhosa. À  tardinha, depois de uma cena violenta, o Canelas saiu. A mulher foi a casa da  comadre contar tudo, pedir conselho. A Mônica depôs a meia, tirou os óculos  gravemente.  

—  Ai, não tenha receio. Esta noite, arranja-se.

—  Mas como, comadre, como? Se ele sabe de tudo, ai espinhela!  — Foi  para  casa  cheia  de  medo.  O  Canelas voltou à  noite para  cear,  taciturno,  abatido,  sem dar palavra.  Bateu  no  pequeno  mal achou pretexto,  atirou  o  chapéu com mau modo ao entrar no quarto da cama, resmungava:

—  Estas bêbedas, senhores!..  — Não dormiu toda a noite, a pensar no seu  vinho e a amaldiçoar a hora em que casara. Mas não vira nunca a Luísa alegre,  não tinha motivos de suspeita. Havia bons anos que não guardava vinho. O  pote, de barro, estava talvez seco, era poroso, tinha seis gatos no bojo, podia  ser que absorvesse, ou deixasse sair o mosto. Mas tanto!. . Deram dez, deram  onze,  deu meia-noite,  e ele às voltas na  cama.  De repente  sentiu correr no  telhado. Pôs o ouvido à escuta. Ouviu rir. Uma voz gritou: «Canelas! Canelas!»  Riam,  aos  pulos,  nas  telhas.  «Canelas!» Santo  nome de  Jesus!  Era o  diabo!  Chamou a Luísa: — Ó mulher! Não ouves? «Canelas! Canelas!» — Começou a  rezar o Credo, enganava-se no meio, começava outra vez, não sabia concluir.  Diziam:

—  Vamos ao vinho! — E a correria continuava. — Vamos ao vinho! — O pobre estava em apuros, varado de medo.

No outro dia,  mal  luziu o buraco,  saltou fora  da  cama,  vestiu-se às  apalpadelas, pôs a manta ao ombro, agarrou nos alforges, desprendeu o burro  e partiu para o trabalho. Tinha a cabeça em água, não se lhe tiravam da mente  os  gritos  e  as risadas.  Canelas!  Canelas! Então, as bruxas andavam com ele?  Vamos ao vinho!  Vamos ao  vinho!  E senti-las-ia  correr  no telhado todas  as  noites, aos berros e às gargalhadas, distribuindo os seus pobres almudes pela  comunidade, e ainda em cima escarnecendo. Durante o dia viram-no metido  consigo,  acabrunhado,  carrancudo,   dando  enxadadas  na terra  desesperadamente, a suar como um cavalo.  

Ao cair da noite entrou em casa; a Luísa estava ao canto da chaminé, diante do  lume de azinho, o xale pela cabeça, ' aspeto adoentado e beato, o rosário entre  os dois dedos. Demais, grávida de cinco meses. .

—  Ora santas noites!

—  Santas noites!  

Reparou na postura da mulher, tão finadinha como um carapau.  

—  Que é isso? Estás doente?  

—  Deixa-me,  ando morrendo, mesmo  morrendo.  Todo o santíssimo dia  com febre, calafrios, dores. Ai!..  e nas cruzes.

—  Mas o que é?  

Ela disse choramingando:  

—  Não vivo muito, não!  

O Canelas comoveu-se:  

—  Estás doida! — E solicitamente, achegando-se:  

—  E a respeito de vontadinha de comer, há?  

—  Nem nada, marido. Ainda hoje me não entrou migalha nesta boquinha  de Deus. Tudo me sabe mal.  

—  Mas não apeteces nada? Chá e fatias; mata-se o galo.  

—  Ai, não! Só apetecia uma coisa. Mas não, é melhor não.  

—  Diz o que é, anda. Se for caro, compra-se ora!...

Ela ficou calada, rezando automaticamente.

—  Então, que dizes? Que apeteces? Vamos.  

—  Olha,  o que eu comia  bem agora  eram uns peixinhos da  ribeira  das  Sormarias. Tenho mesmo vontade, mesmo de dentro. — O Canelas foi logo  albardar  o burro,  agarrou num cesto  e pôs-se  a  caminho,  sem  querer ouvir  mais.

—  Não tenha algum desmancho — ia ele dizendo.  

Apenas  lhe não sentiu os  passos,  a  Luísa  correu a  chamar  a  comadre.  Entraram  ambas na  despensa.  Tinham metido  o resto do  vinho num odre;  uma agarrou por um lado, outra por outro, e arrastaram o couro túrgido até à  porta. Era noite fechada e ninguém passava na rua. Das chaminés evolava-se o  fumo dos  lares,  ouvia-se  rir nas habitações das famílias,  e um  cão latia  no campo, sem eco, enquanto, acalentadas no berço, as crianças choravam. Dali a  pouco as duas viram  chegar o Coxo,  taberneiro,  pesada  figura de velhaco,  apoplético,  gorro  sebento,  um  riso desdentado  de patife,  ironias bestiais,  navalha.

—  Venha o bago! — disse a Mônica. — O Coxo quis roubar-lhe um beijo.  A Luísa ocultara-se atrás da porta.

Podia  ter vindo mais  cedo —  disse  a  velha.  Estendia  as mãos ao preço do  odre, dizendo:

—  São três  almudes,  tinto;  a  quartinho, três mil e seiscentos.  Sete  meias  coroas e mais  um  tostão.  Barato como  pouco.  —  O  Coxo de  o dinheiro,  pegou no odre, e foi-se depois de ter cingido amorosamente o estafermo.  

—  Agora  —  disse  a  Mônica  —  venha a  minha  comissão  e aqui tem o  dinheiro.

A Luísa deu-lhe seis tostões.

—  Vamos à  ribeira —  disse  ainda  a  velha.  Embrulharam-se  nos  xales,  fecharam a  porta;  à  socapa,  saíram para  o campo,  e apenas  na  estrada,  deitaram a  correr.  Era  quem mais podia,  por  aquelas ladeiras,  acima,  em  direitura à ribeira.  

Ai que arrebento! — dizia a viúva, arquejante, a espaços. Afinal chegaram' ao  sítio. Pararam, em conferência.

—  Tu vais para o outeirinho de lá. Eu fico, mesmo em frente, agachada na  rocha. — Assim foi. Não viam nada à roda. O céu pesava de grossas nuvens  caliginosas e trágicas.  Esbarravam com  as  azinheiras  seculares,  caíam sobre  carrascais e tojeiros. Nas trevas, as ramas torcidas pelo nordeste tinham gestos  agressivos, de réprobas. Por todo o campo, quando passava a rajada, sentiam-se risos abafados, segredos de feiticeiras, a sombra mexia-se, ondulava, tinha  transmutações sinistras. O Canelas, no entanto, estava metido à água, com o  cesto no braço puxando a linha da isca. ainda não conseguira apanhar peixe; o  medo agoniava-o. Se as bruxas soubessem que estava ali! ..  De repente, caiu  uma  pedra  na  ribeira,  e esboroamentos de terra  foram descendo,  como  deslocados por pé em falso.  

—  Mau! — E o anzol não prendia. — Diabo!...  

Pareceu-lhe que diziam segredinhos nas barranceiras,  acima  da  sua  cabeça.  Andava gente em cima, viu um vulto acocorar-se.  

—  Ó camarada!  — gritou ele, em tremuras. Tudo calado. Puxou a linha;  nada! De repente, uma voz moribunda chamou:

—  Berrabás!  

Outra respondeu:  

—  Satanás!  —  O  Canelas não sabia  de que terra  era!  O  que faria  à  sua  vida?  Ali  acabava  naquela  noite.  Benzeu-se.  Iam dar  cabo dele,  espetar-lhe agulhas nos rins, meter-lhe à força um sapo nos dentes... Tornou a voz:  

—  Vamos afogar o que está na ribeira?  

—  Não, que a mulher está rezando o rosário à Virgem.  

—  Olhem se a Luísa não tem ficado rezando ao lume, hem? Santa mulher!

— Como ele estava agradecido às suas orações!..   

—  Berrabás!  

—  Satanás. — Um cão uivava funebremente, no casal do Peles. O Canelas  batia  os dentes,  deixara  cair o cesto.  O  vento dava  risadas de escárnio,  dançavam as azinheiras e o céu fazia ouvidos de mercador. A voz insistiu:  

—  Vamos afogar o que está na ribeira?  

—  Não, que a mulher está rezando à Virgem.  

Dali a nada:  

—  Berrabás! ..  Satanás!  

—  Vamos a beber-lhe o vinho? — O Canelas pulou: — Com mil raios!  

—  Vamos.  

—  Vamos a partir-lhe o pote?  

—  Vamos.  

O desgraçado ergueu as mãos desesperado e murmurou chorosamente:  

—  Ai a minha desgraça! Ai o meu rico vinho tinto!   

Alta noite,  a  Luísa,  enrolada  sempre no  seu xale,  rezando  sempre as suas  contas ao canto do lar, viu romper pela casa dentro o Canelas esbaforido, sem  peixes,  sem anzóis,  sem sapatos,  sem chapéu, sem manta,  alagado em suor,  trêmulo de medo e morto de cansaço. Contou tudo à Luísa:  

—  E vai, ouvi dizer: «Vamos a beber-lhe o vinho? Vamos. Partimos-lhe o  pote? Partimos.» Tu sentiste alguma coisa, mulher? — A Luísa persignava-se,  com os olhos em alvo.

—  Eu nada — disse ela. — Não senti nada: uma coisa assim!...

Foram ver à despensa. Tinham bebido o vinho e o pote estava em pedaços.  Entraram a chorar. Veio a comadre.  

—  Que é lá isso de prantos nesta casa? — disse ela, aflita. Contaram-lhe.  

—  Pois eu lhes juro que as bruxas nunca  mais os  perseguem.  Sei  as  orações de as afugentar.  

De fato, nunca mais tornaram, nem bruxas nem boas vindimas, nem potes  de vinho.

Tal foi a ideia da comadre Mônica.  


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Fialho de Almeida - Contos (1881)

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