ITABIRA
Erecto, sobre o
púbis da colina,
exibe altivo o
excesso de vigor
pela manhã, à
noite e no rubor
da tarde voluptosa
que declina.
Granítica figura,
tem por sina
vencer o tempo, as
águas e o calor.
E qual um deus
pagão, em rico andor,
da base ao topo a
vastidão domina.
Orgulho-me de ti,
rude Itabira
(denso bastão no
cio que delira
de luxúria, num
hábito griséu),
porque entre
nuvens, qual tensor jucundo,
não te intimidas
de mostrar ao mundo
o imenso falo a
deflorar o céu.
BASÍLICA DE SANTO ANTÔNIO
Suntuosa e bela,
no alto da esplanada,
fruto do amor
cristão, pérola rara,
ergue-se altiva,
em placidez que aclara,
do paduano a
esplêndida morada.
Prônuba chama,
vênera, cercada
do orvalho de
orações, alva, preclara.
Mira-lhe o voo o
milenar Mochuara;
busca o infinito,
sobe, indene, alada.
E lá no espaço,
esbelta, compassiva,
aio divino que, às
manhãs, aviva
toda a doçura do
azulado véu,
branda, sorrindo
ao coração da gente,
parece mais as
emoções de um crente
a vasculhar as
amplidões do céu.
O FRADE E A FREIRA
Quando passo na
estrada e vejo no alto
esses dois
monumentos de granito,
meu pensamento
empolga-se e, contrito,
não contém
repentino sobressalto.
É mensagem divina
ou simples mito
que distingo
surpreso deste asfalto?
Tocou a mão de
Deus nesse planalto
ou mera fantasia
agora fito?
O que sei é que o
coração risonho,
enlevado talvez
por almo sonho,
impulso ganha e ao
topo me conduz
para escutar a
confissão serena
desses amantes
castos, cuja pena
sublime cumprem,
num altar de luz.
O PENEDO
Monumental e
másculo gigante
a contemplar a
terra da vitória.
És testemunha
vívida da história
desta gente
operosa e cativante.
Quem, senão tu,
conhece de memória
os feitos deste
povo edificante
e a beleza desta
ilha fascinante,
onde o cantor
consegue palma e glória!?
O mar beija teus
pés; a brisa, a fronte.
Imponente, mais
alto que o horizonte,
num silêncio
profícuo, sem cansaço,
vigias a cidade,
frente a frente...
E aí tu ficarás,
eternamente,
como um dedo
granítico, no espaço.
DESPEDIDA
Quero morrer ao
sol de um dia lindo,
ao contato de
brisas perfumadas,
quando a orquídea
de luz do espaço infindo
se abraça ao mundo
em doces gargalhadas.
Pouco valor verei
nas madrugadas
com aromas de
pétalas se abrindo,
se não me
encontrarão sereno, rindo
junto às cores que
eu amo, derramadas.
Quero morrer
assim, em pleno alento,
entre afagos de
rosas, lírios, vento
num momento em que
julgue estar feliz.
Ao lado de quem
amo, um terno evento,
sem rancores, sem
mágoas, sem tormento,
mas longe da
mulher que não me quis.
Fonte:
Revista da Academia Espirito-santense de Letras: Novembro, 2014.
sempre mestre da poesia
ResponderExcluir