GAIA CIÊNCIA
Que saborosa a
vida na incerteza!
Estar-se
mergulhado neste Caos.
Fora da ordem
universal do Cosmo
podemos livremente
bracejar,
cometer erros fora
da rotina
e a cada novo
instante
– como se fôramos
divinos –
zerar tudo e tudo
recriar.
A realidade
inexiste. O que existe
simplesmente é
nosso olhar e nosso coração
que podem recriar
o instante que se foi
o mágico momento e
seu lugar.
Mas para isso é
necessário amar.
Um grão de amor
encerra o universo
e está em toda a
parte.
Mas para o
captar...
É necessário amar.
“...nel mezzo del camin...”
Dou meus passos
pequenos, com
cautela
sem ruídos
para chegar mais
perto
auscultar teu
sussurro
e saber se vens
vindo.
SEU RETRATO
Muito obrigado.
Agora tenho como:
lhe dar bom-dia
descansar meus
olhos
aquietar minha
mente
mitigar minha
solidão
aplacar minha
saudade
enganar minha sede
respirar e aspirar
fundo
pelas janelas
entreabertas
AFINIDADE – I
Isso em nada me
assustou.
Entendi.
Já sabia.
Morei na mesma rua
nadei no mesmo rio
também ando
descalço.
Minha alegria
– ficou pela
metade.
outra metade é
sombria.
Não fui eu que fiz
o mundo
quem inventou a
espera
a incerteza de
tudo
a desconfiança em
si mesmo
a roca do
dia-a-dia
a parca ao fim da
jornada.
Eu sabia
haver a noite
molhada
a fome da alegria
a noite como
alvorada
a bruxa tornar-se
fada
na ilha da
fantasia:
No seu olhar eu me
via.
AFINIDADE – 2
Entendo.
Já sabia.
Penso assim,
Sinto assim.
Vivo assim.
Compartilho tua
fúria.
Me enlevo com teu
encanto
Não acredito que
existas
Acho que tudo é um
sonho
De bruxarias
benditas.
Compartilho tua
fome
por essa coisa sem
nome.
Haver a noite
molhada
a alegria da fome
a fome da alegria
a noite como
alvorada
a bruxa tornar-se
fada
na ilha da
fantasia.
Eu também ando
descalço.
Eu nado no mesmo
rio
Minha metade
sombria
Se tornou
iluminada
Pela de sua
alegria.
Minha alegria
também:
poder te chamar:
amada
CUIDADO
Não quero te
induzir a nada.
De volta só veria
meu espelho.
Não dar-se – não –
senão o que se é e quer.
Amar é gratuito e
espontâneo.
O mais é menos,
falso – apenas reação.
É antiamor. Antes
dos corpos
para se amar as
almas necessitam se despir.
O que eu quero é
que você
seja você como é.
Vivo você
agora.
A cada instante
Obsessivamente.
De corpo e mente.
Siderado e confuso
como um
adolescente
ao teu lado,
agora,
neste instante.
Permanentemente
Fiz tudo o que
precisava.
Muito mais do que
sabia.
Num delírio de
poesia
vesti a vida
tinhosa.
E minha face
sombria
se fez como o sol,
radiosa
raiando um novo
dia
sobre essa vida
trevosa.
Qual?
Ignoro ser postiço
falsear minha
mistura
não aprendi
“deixar disso”.
Adoro levar um
susto!
perder minha
compostura.
e merecer um
feitiço.
...................................
Ainda estou no
escuro
Abre mais um
bocadinho
Passe pra cá as
anáguas
Me deixe te ver na
praia
Me deixa te ver lá
dentro
Do jeito que vês o
mar
Relaxe... deixe
rolar...
..................................
---
Fonte:
Revista Brasileira: Fase VII - Janeiro-Fevereiro-Março 2006 - Ano XII - Nº 46 (Academia Brasileira de Letras)
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