SER POETA É SER MAIS ALTO
Ser poeta
é ser mais alto, é ser maior
Do que os
homens! Morder como quem beija!
É ser
mendigo e dar como quem seja
Rei do
Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de
mil desejos o esplendor
E não
saber sequer que se deseja!
É ter cá
dentro um astro que flameja,
É ter
garras e asas de condor!
É ter
fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo,
as manhãs de oiro e de cetim...
É
condensar o mundo num só grito!
E é
amar-te, assim, perdidamente...
É seres
alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo
cantando a toda a gente!
OS VERSOS QUE TE FIZ
Deixa
dizer-te os lindos versos raros
Que a
minha boca tem pra te dizer!
São
talhados em mármore de Paros
Cinzelados
por mim pra te oferecer.
Têm
dolência de veludos caros,
São como
sedas pálidas a arder...
Deixa
dizer-te os lindos versos raros
Que foram
feitos pra te endoidecer!
Mas, meu
Amor, eu não tos digo ainda...
Que a boca
da mulher é sempre linda
Se dentro
guarda um verso que não diz!
Amo-te
tanto! E nunca te beijei...
E nesse
beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os
versos mais lindos que te fiz!
O NOSSO MUNDO
Que
importa o mundo e as ilusões defuntas?...
Que
importa o mundo seus orgulhos vãos?...
O mundo,
Amor?... As nossas bocas juntas!...
NÃO SER
Ah!
arrancar às carnes laceradas
Seu mísero
segredo de consciência!
Ah! poder
ser apenas florescência
De astros
em puras noites deslumbradas!
Ser
nostálgico choupo ao entardecer,
De ramos
graves, plácidos, absortos
Na mágica
tarefa de viver!
***
Quem nos
deu asas para andar de rastos?
Quem nos
deu olhos para ver os astros
- Sem nos
dar braços para os alcançar?!...
LANGUIDEZ
Fecho as
pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam
sobre duas violetas,
Asas leves
cansadas de voar...
E a minha
boca tem uns beijos mudos...
E as
minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam
gestos de sonho pelo ar...
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Fonte
"Toda a Poesia: Antologia Poética". Poeteiro Editor Digital. São Paulo, 2015.
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