segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Athayde Marcondes: "5 Poemas"

À MINHA MÃE

"Bendita sejas tu"

Bendita sejas tu, ó Mãe querida
Em cujo olhar sereno eu vejo a luz,
Que me ilumina a estrada desta vida
E do Bem ao caminho me conduz.

Tua imensa bondade e as carícias
Que comigo repartes docemente!
São consolo e são intimas delícias
Para o meu padecer cruel pungente.

Bendita sejas tu! Quando sozinho
Tantas penas sofri no apartamento
De um amor — cujo seio era meu ninho
Tu me deste consolo ao sofrimento.

Quantas vezes cruciava-me a Saudade
Por perder esse Amor que idolatrei!
Em tua alma repleta de bondade
Consolo às minhas dores encontrei.

Por isso, ó minha Mãe, eu te bendigo,
A ti, que és na vida meus encantos.
— Em teu regaço sacrossanto e amigo
Eu venho desfolhar meus AMARANTOS.



PAISAGEM
Ao Ramos Arantes

O rio desce meigo, molemente
Doce e meigo desce... - desusando...
O sol no ocaso foge lentamente
Preguiçoso seus raios apagando.

Vê-se ao longe a palmeira tremulando
Verde, gentil, à beira da corrente
E um bando de pombas voando, voando
Alegres, para os lados do ocidente.

Levando um par ditoso, uma canoa
Tímida e frágil, alígera e à toa
Pelas ondas do rio além flutua...

E desce a noite fria e majestosa!
—Toda faceira, esbelta e luminosa
Aparece no céu formosa Lua!...


NO TÚMULO DE ZILÁ
Ao dr. Claro César

Neste túmulo descansa
O corpinho regelado
De encantadora criança
— Celeste anjinho adorado.

Sua alma pura, inocente
— Inda mais branca que o lírio,
Partiu da terra contente
E foi brincar — lá no Empírio!



CECÍLIA

Oh! minha filha! que infinda
Satisfação sinto em mim!
— E que eu te acho tão linda,
Mas linda que um querubim!

Eu me julgo venturoso
De possuir-te ó ,minha filha!
A um teu olhar luminoso
Minh'alma toda se humilha!

Quando tu foges do leito,
Como um gentil passarinho
Que vai fugindo ao ninho
Prazenteiro e satisfeito;

Eu fico alegre, contente,
Por não te ver mais dormindo,
Porque despertas sorrindo
Beijando-me alegremente!

Tu és mimosa criança
A alegria de meu lar.
— És suave como o luar
— És linda como a Esperança!



OS OLHOS DE LAÍS
Ao poeta Luiz Pistarini

Quando leio teus versos, Pistarini,
Tão cheios de harmonias, cadenciosos,
— Sinfonias tão belas de Rossini
— Turbilhão de acordes langorosos;

Eu julgo ouvir os cantos harmoniosos,
Os harmoniosos cantos de Bellini.
Sinto minha alma e coração ansiosos
Quando leio teus versos, Pistarini.

Se minha lira como a tua fosse
Talvez eu dedilhasse um canto doce,
Um canto, que ela, pobre, não dedilha.

E eu desejo cantar... mas como em fim?
— Empresta-me teu rico Bandolim
Para eu cantar os olhos de tua filha!

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