A SENHORA RATTAZZI
Depois de estudar os portugueses
e as portuguesas com frequentes visitas celebradas por “menus” econômicos e
risos de ironia larga, a Sra. Rattazzi concebeu das suas impressões viris e
másculas um livro que deu à luz em Janeiro, e denominou Portugal à vol d'oiseau. Portugais et portugaises.
Eu, criado no velho noticiário,
tendo de anunciar o produto de uma dama dado à luz, antes quisera, em vez dum
livro bom, anunciar um menino robusto. Acho muito mais simpática a feminilidade
das mães pálidas, com olheiras, emaciadas, que aconchegam dos seios exuberantes
a criancinha rosada, recém-nascida. Não me comove nem alvoroça o espetáculo de uma
autora que se remira e envaidece na brochura que deu à luz, obra entre cinco e
sete tostões- 740 reis com estampilha. Por isso, antes quero noticiar um menino
robusto que um “oitavo” compacto.
Começa a Sra. Rattazzi por
declarar com raro entono “que conta e pinta o que viu sem deferências pessoais
nem preocupações do que ao seu respeito se possa dizer ou pensar”. Bom é isso.
O menospreço que a escritora liberalista à opinião publica portuguesa permite à
critica o dispensar-se de grandes melindres. À vontade.
Se alguém me arguir de bastante
descosido no exame do livro, queira lê-lo com paciente pachorra, e verá que eu
bispoteei sobre os alinhavos atrapalhados da senhora princesa. Se me acharem um
pouco em mangas de camisa, façam-me o favor de ver que a “shocking” irlandesa
nos visita de penteador de rendas transparentes e chinelinha de chinchila.
Calunia, apenas começa,
afirmando, contra o caráter desta boa gente portuguesa, que D. Pedro V, e os
infantes D. Luiz, D. João e D. Augusto foram atacados do “tifo-arsenical” —
envenenados. Uns morreram. D. Augusto ficou atarantado, mas com graça — uma
timidez “non dépourvue de charme”; e
D. Luiz, esse, teve “de la chance”: —
que duas vezes fora preservado da sorte de Britanicus. Excetuados os grêmios
palúrdios de algumas boticas de província, ninguém hoje repete semelhantes
atoardas. Quando quiseram por ódio político enlamear a reputação imaculada de um
duque, desembestaram-lhe o venábulo ao rosto sereno. A calúnia caiu então, e
levantou-se agora na indiscreta obra mexeriqueira da Sra. Rattazzi.
Quando a morte fulminou, a curtos
intervalos, na Itália, duas rainhas da Sardenha e o duque de Gênova, madame
Marie de Solms, em versos por sinal muito ordinários, insinuou que o fanatismo
torvo dos padres tinha brandido nas trevas a cruz à feição de gládio. Na Itália
era o clero, aqui foi o veneno dos Médicis. Acha que os príncipes não podem
morrer de morte natural; e bem pode ser que a sua alteza venha a acabar de
doença reles, com pedra na bexiga, hidrópica, com lombrigas, com grandes perturbações flatulentas no seu
aparelho digestivo — uma desgraça para as letras.
Avaliando o clero português,
manda ler o Crime do padre Amaro. Um romancista hábil engenhou um padre mau que
afoga um filho, uma perversidade estúpida e quase inverossímil em Portugal,
onde os padres criam os afilhados paternalmente. Eis, segundo ela, o tipo da clerezia
portuguesa, o “padre Amaro”. A Sra. Rattazzi geme escandalizada sobre a
corrupção do sacerdócio, e cita o romance.
Do clero naturalmente deriva para
o culto. A respeito do S. Jorge da procissão de Corpus-Christi, a princesa
espirra fagulhas de espírito forte, dum solteirismo cediço, com um desplante
extraordinário em mulher. Não se coíbe de gracejar com o simbolismo sempre
respeitável quando inculca, seja como for, uma religião e uma moral – coisas
consubstanciais. Não a retém a senhoril e prudente moderação de Staël e Sand, e
sobretudo o feminil decoro de viúva duplicada, de mãe e de velha, embora os
atavios façam pirraça à cronologia. Moteja das pompas religiosas no tom das
“turlupinades” da petrolista André Léo, e arma à risada com facecias dum aluno
da escola-militar que leu o Testamento de Jean Meslier e o Citador de Lebrun.
Moteja dos “Cyrios”. Segundo ela,
os portugueses, tomando a parte pelo todo, chamam ás «procissões» “Cyrios”,
porque levam “velas acesas”. Muita chalaça a este respeito. Mulher irreligiosa
é uma razão perdida no vácuo da consciência; mas a que faz praça da sua
incredulidade é coisa repugnante, tanto monta ouvi-la na sala como na taberna.
Se a Sra. Rattazzi fosse uma
escritora seriamente critica, ridiculizando o maior santo de Inglaterra, devia
contar aos portugueses que Jorge foi um fornecedor de toucinho (“bacon”) do
exercito romano, e que em vez de fornecer, cosia-se com os lardos suínos como
qualquer fornecedor do exercito brasileiro do Paraguai. A justiça perseguiu-o
como concussionário; Jorge safou-se, fez-se ariano, e levou de assalto a
cadeira arquiepiscopal de Atanásio. Depois, na capital do Egito, a execração
publica encarcerou-o afim do processar; mas o povo, impacientado com as
delongas do processo, atirou-o ao mar. «Como é que este malandrim (pergunta
Campbel na biografia de Shakespeare) chegou a ser transformado em S. Jorge,
patrono dos exércitos, da arma de cavalaria e da ordem da Jarreteira?» Campbel
diria à senhora princesa: «Patrícia, antes de escarnecer as crenças
portuguesas, zombe das inglesas. O santo é nosso, e Deus sabe que bestialidade
grande praticaram os lusos admitindo um santo da Grã-Bretanha na vanguarda de uma
jolda de velhacos que lhes fizeram à industria da metrópole e ás colônias da África
o que o tal Jorge fez ao toucinho dos soldados romanos».
Ora, se é fato que o sujeito
sisava a carne de porco das legiões romanas, esse devia ser coerentemente o
santo tutelar da Inglaterra. Eu, porém, segundo a minha historia eclesiástica,
muito mais ortodoxa e correta que a de Campbel, pendo a crer que S. Jorge era
um príncipe da Capadócia que sofreu martírio, imperando Diocleciano, depois de
ter matado um certo crocodilo que queria comer a filha do rei Aja. Jorge levou
talvez em vista, neste crocodilicidio, plagiar Perseu que matou outra fera que
queria comer Andrômeda, filha do rei Cefeu. O que é certo é que os saxônios,
estes selvagens, incapazes de produzir um santo, adotaram o da Capadócia. Nós é
que não tínhamos necessidade do santo, dando-se o caso para além do mais de
sermos ridiculizados por causa dele no livro da Sra. Rattazzi, princesa que de
certo não vai ao florilégio como o seu colega príncipe Jorge.
Sobre matéria intrincada de
cultos, presume que o enigma poderia ser resolvido pelo bispo de “Visens”,
Alves “Martius”. Este nome está bastante corrompido para se pensar que o
prelado de “Visens Martius” é um bispo mozárabe, coevo do duque de “Laf[oe]s”,
com ditongo.
Deturpar nomes de bispos e duques
pouco importa; é muito pior divulgar, acerca das realengas aspirações de uma
duquesa benemérita de respeito, umas chocalhices cochichadas nas salas, mas
nunca escoadas pelo esgoto da imprensa séria. Alude em termos esbandalhados de
atriz patusca ao duque, marido dessa duquesa, e atribui ás barrigas das senhoras
portuguesas um esquisito predomínio abdominal sobre os esposos. Esta senhora,
que tem apenas a carne indispensável para se não confundir com um fluido,
abomina metaforicamente os ventres grandes, as barrigas das damas portuguesas
fidalgas que nobilitam nas suas membranas os maridos e os filhos. Pilherias de
“farceuse de goguette”. Umas “bufoneries de petit souper”, — ”can-can” de
sobreloja entre costureiras que bebem do fino e têm namoros nas cavalhariças do
paço.
A Sra. Rattazzi ri muito das
superfetações cosméticas e oleosas do conde de M. Valha-nos Deus! A Sra.
princesa, como objeto colorido, é há muitos anos uma cromolitografia das obras
do bibliófilo Jacob. Que Alphonse Karr me não deixe mentir.
Do duque de Saldanha repete
anedotas chinfrins que põem gargalhadas sobre a campa do bravo caudilho a quem
D. Pedro IV agradeceu a coroa da sua filha. Conta um dialogo forte que ele teve
em 1851, ás quatro horas da manhã, com a rainha D. Maria Pia, e que ela
mostrara desejos do mandar espingardear. Ora, em 1851, a senhora D. Maria
Pia, o Anjo, tinha quatro anos, e desde que veio para o trono de Santa Isabel e
de Santa Carlota Joaquina apenas tem espingardeado alguns borrachos, 4 em 5. E
o duque de Saldanha — conta a princesa — apresentou-lhe a esposa no seu palácio
dela em Antin. Assim zomba a Sra. Rattazzi dos seus amigos mortos e matraque a
Saldanha que a visitava, quando o “Figaro” a escarnecia e Peletan lhe desenhava
o perfil na Nouvele Babylone.
Está a caracter quando, anotando
um artigo espirituoso do “Pimpão”, explica à Europa o que é o «Perna de pau» e
a «Horta das tripas» (“Jardin des tripes”). Fala muito de “faguêtes” que a
incomodam, e diz que “Vm. {cê}” é o diminutivo de “V. Exc.a”. Investigando a
linguística, observa que não dizemos “o” rei, mas “el-rei; e que o “el” é
recordação mourisca e vestígio da ocupação dos árabes. Confunde o artigo
espanhol “el” (do latim “ile”) com o artigo arábico “al”, prefixo a muitas
palavras portuguesas. As “Teresas filosofas” são muito mais vulgares que as
Teresas filólogas. Diz que o nosso “ai Jesus!” também é muçulmano, e o “se Deus
quiser” também é vestígio arábico. É uma mulher das arabias, ela!
Faz rir à custa dos archeiros que
tocam o tambor à chamada. A Sra. Rattazzi nasceu em Inglaterra onde hoje em dia
se conservam usanças ridículas, ratices que se avantajam muito à do archeiro
que rufa a caixa. Exemplo: os dois manequins monstruosos chamados Gog e Magog
que assistem à receção do lorde-maior no salão Guil-Hal. Depois, mais
irrisórias que os archeiros, as sentinelas da Torre de Londres, chapéus de
veludo emplumados, adaga à ilharga, farda escarlate acolchetando nas costas, e
as armas de Inglaterra com a tenção de Henrique VIII matizadas no peito. E que
nos diz a Sra. Rattazzi ás cabeleiras Luiz XV, de cachos empoados, com que se
toucam os juízes antes de se amesendrarem com ofenbachiana parlapatice
majestosa nas cadeiras da magistratura em Westminster-Hal? E aquele sumptuoso
coche tirado por cavalos baios em que se estende ao carniceiro opulento, com os
braços nus e a camisa arremangada até ás clavículas? Se a Grã-Bretanha nos não
exibisse estas gargalhadas, teríamos de nos remediarmos com o produto da Ex
Princesa Studolmire Wyse que só de per si tem a “vis insita”, a força ridícula
latente das dinamizações altas.
Penetra na vida intima dos
portugueses, no segredo dos seus amores castos, amor que só os olhos exprimem.
Não gosta. Acha isto sensaboria, e chama-lhe “paixão é olhadas”, para exprimir
bem portuguesmente a coisa. à “Casa
Havaneza”, onde se refastelam
muitos dos tais «apaixonados das olhadas», chama “clubo des bavards”. Diz que
em Portugal as meninas de doze anos tem “olhadas” e carteiam-se. Acrescenta que
é rara uma mulher galante portuguesa; mas que os homens são, na generalidade,
bonitos e bem feitos — ”beaux et bien faits”. Isto cativa a gente. Contou
alguém à princesa a historia fresca de um velho par do reino «que se lambia»
dizendo a paixão que inspirara a uma jovem que só à beira dele sentia o lirismo
e as delicias do amor. A Sra. Rattazzi espantou-se, e do velho idiota inferiu
que em Portugal todos os velhos se lambiam do amor.
Foi aos touros; viu os “capêlhas”
portugueses, e os “torreros” e os “forçados” (forcados) que ela diz assim
chamarem-se, “forçados”, porque “forçam” os aplausos. Está em primeira mão esta
sandice. (Se o leitor quiser corrigir a minha indelicadeza, onde está “sandice”
leia “sandwich”). Como sucessor do “conde” de Castelo Melhor no garbo e
destreza cavaleirosa de toureiro, menciona “Rebelo da Silva el Castro”.
Provavelmente do historiador da Ultima corrida de touros em Salvaterra fez um
toureiro equestre no campo de Sant'Ana. Diz que, a pedido da comissão,
oferecera uma «mona» — ”reminiscência poética da idade média”. Achou na idade
média as “monas”. A sua alteza acha um tanto canibal o prazer das touradas, mas
nem por isso é “moins imense” (este “imenso menor” que o imenso maior, é bom).
Nos teatros da “Trindade” e do “Principo”, desagradou-lhe o péssimo costume de
“pateader”. Diz que as obras do teatro de S. Carlos foram dirigidas por “Santo
António da Cruz Sobral”. Lá fora
há de pensar-se que temos um “Santo António de Lisboa” para os milagres e outro
“Santo António da Cruz” para os teatros.
Sobre política decifra alguns
artigos bons do “Pimpão” e guisa varias beldroegas da sua lavra. Entra bem na
questão financeira, na fiduciária, dos Bancos, no escândalo das loterias e do
jogo. Faz um moral opúsculo em assunto de roleta.
Tratando de jornais, traslada e
traduz anúncios afrodisíacos do “Diário de Noticias”, e diz que o Sr. Thomaz
Antunes é “moco fidalgo”. O Sr. Antunes não é “fidalgo moco”; tem a cedilha:
saiba-o a França. Do “Jornal da Noite”, escreve que A. A. “Texero” de
Vasconcelos noticiava principalmente aniversários e nascimentos, dava a lista
dos números mais premiados na loteria, e disso ia vivendo. Assim atassalha a
Sra. Rattazzi a reputação jornalística do mais rijo pulso atleta que teve a
arena dos gladiadores políticos — o rival de A. Rodrigues Sampaio. Nem A.
Augusto era outra coisa. Logo veremos como ela conceitua socialmente o seu
conviva e panegirista.
Menciona como colaborador da
“Correspondência de Portugal” o Sr. Rodrigues de “Treitas”. Se lhe chama
“Tretas” ao ilustrado e honesto republicano, merecia uma descompostura.
Também versa a questão cornígera
dos gados, “des bestiaux”. Louva, ao intento, um Relatório do Sr. conselheiro
“Morres” Soares. Morres? Longe vá o agouro. Desejo que o Sr. Moraes
Soares viva muitos anos, para nos dar muitos relatórios sobre “bestiaux”, e
mais ocasiões a que esta princesa se ocupe das nossas vacas — objeto em que é
ela a única senhora concorrente com as leiteiras saloias.
Em uma pagina útil e talvez a
única proveitosa aos viajantes, informa acerca dos hotéis. Diz que no «Hotel de
Lisbone» há muitos ratos; no «Aliança» percevejos; e no «Gibraltar» “baratos”
(não confundir preços “baratos” com «baratas», ou «carochas»). Depois desta
asseveração impugnável, esteia a sua afirmativa num a passagem do “Cousin
Bazilio” onde se lê que em Lisboa há percevejos. Luxo escusado de erudição. Os
percevejos em Lisboa são de uma tamanha evidencia fétida e matemática que se
dispensava o testemunho do Sr. “Eça de Queroz”, de “Querioz”, ou de “Querioze”,
que vem citado como Plínio para os lacráos, e Livingstone para a “Tsetse-fly”,
mosca mortífera da Africa.
Espanta-se dos muitos Burnay que
em Lisboa exercitam vários ramos de industria. Acha que a Lusitânia, neste
medrar de Burnay, virá a chamar-se “Burnaisie”. Depois escreve: “Il faut mentioner, ne fût ce que pour faire
contraste, les Galegos à cotê des Burnay. Les uns exploitent, les autres sont
exploités”. Esta princesa, com quem o Sr. Ramalho trocou o seu francês
parisiense, de certo ouviu dizer ao festejado escritor que a família Burnay é
um grupo de homens honrados e laboriosos que não se pejam de ser defrontados
com outros homens honestos e trabalhadores embora procedam da Galiza; mas não
exploram: trabalham e colhem, quando lho não desfalcam, o estipendio honesto
das suas fadigas.
Tem bons chascos quando zomba dos
nossos “viscondes das Ervilhas” e “do Esparregado”. Destes viscondes saberá sua
alteza que se fazem as “princesas do Esparregado” e “das Ervilhas”. Se a Sra.
Rattazzi se lembra de arranjar um “visconde dos Tabacos”, saído de um estanco,
esse visconde ferido na sua honrada industria, poderia lembrar à neta de
Luciano Bonaparte que a princesa Rattazzi é bisneta de um vendedor de tabacos,
pai da sua avó, a Sra. Blescamb, viúva de um empregado bancário. Mas os
“tabacos” traíram-na, quando, enxovalhando os enormes serviços do falecido
conde de Farrobo à causa da liberdade, diz desdenhosamente que o pai do conde
tinha o monopólio dos tabacos e que “a sua nobreza era de fabrica”.
Esteve a Sra. Rattazzi em
“Pedroncos” e “Massa”. O leitor que já lhe conhece o processo da ortografia
geográfica, entende que ela esteve em Pedrouços e Mafra. Exibe as vulgaridades
obrigatórias, e dá-nos a noticia inédita e lisonjeira de que Byron chamou a
Cintra “glorious Eden”.
Espeta-se na historia da
literatura portuguesa, lamentando que não haja uma gramática oficial. Há dez ou
doze oficialmente aprovadas; mas não é isso que a Sra. Rattazzi pretende: quer
uma gramática oficial, uma coisa em que os poderes legislativo e moderador
decretem positivamente o que há sobre o gerúndio e o particípio indeclinável.
Para que diabo quereria ela uma gramática oficial? Depois, estabelece a fileira
dos escritores clássicos, e manda ler as Cartas de Mariana de “Alcofarrada”.
Infausta freira! um francês atormentou-lhe o coração: e uma irlandesa
martirizou-lhe o apelido. “Alcofarrada”! Credo!
Disseram-lhe que Afonso Henriques
teve um aio, Egas Moniz, o da lenda heroica, que era poeta. Teve
ignorantíssimos informadores que confundiram o aio Egas Moniz com o trovador
Egas Moniz Coelho, fabuloso autor das conhecidas trovas.
Trata dos Autos, mistérios
cristãos posteriores ás “judarias” – uma perfeita judiaria desta literata; — e
conclui que as melhores peças do teatro moderno português são a “Nova Castros”
de João B. Gomes, e a “Osmia” da condessa de Vimieiro. Convém saber que o Gomes
e a condessa estão enterrados há bons 70 anos. Tem este modernismo.
Em seguida, põe à frente do
progresso dramático José Freire de Serpa, Alexandre Herculano, e mais o Sr.
Enes. Estão bem postos todos os três.
Entre os oradores especifica o
conde de “Thomaz”; e, como Manoel Passos dava eloquência a dois, fez dele dois
oradores — um orador “Silva”, e outro orador “Passos”. Diz que Rodrigues
Sampaio é o primacial do jornalismo literário; não chega a atribuir-lhe algum
solão. Quanto a Almeida Garrett, escreve que era um católico cheio de fé e sem
filosofia, e por isso não fez escola nem discípulos. Ideias parvoinhas do Sr.
Teófilo Braga.
Conta que Alexandre Herculano
viera em 1836 da emigração que lhe inspirara a Harpa do Crente. Que Alexandre
Herculano, antes de emigrar, estivera ao serviço de D. Miguel — ”qu'il avait servi d'abord”. E, no
restante, as ideias do Sr. Ramalho expendidas nas Farpas, mas um pouco
deturpadas. Aquele grande homem, Herculano, segundo conta a Sra. Rattazzi,
visitou-a e levou-lhe os seus livros. Diz ela que foi a ultima visita que fez o
eminente escritor. Se isto é verdade, foi a ultima e talvez a primeira asneira
da sua vida.
No seu grande juízo, A. Herculano
devia acha-la ridícula. Uma inglesa ridícula equivale a dois ingleses
ridículos. Ora, A. Herculano tinha escrito: “Dous ingleses ridículos são
incontestavelmente as duas coisas mais ridículas deste mundo”. Eu creio no
contundente publicista Silva Pinto — um grande lapidário de frases causticas,
tartarizadas. Diz ele que Alexandre Herculano não a visitou. Ele era mais
austero e sensato que o padre Lamenais e o astrônomo Babinet, do “Instituto”,
que no poente da vida e na aurora da tolice lhe escreviam versos e prosas de
pieguice senil. O velho astrónomo explicava-se assim, paternalmente, há dezoito
anos:
“Sans cesse vous brilez de charmes imprévus;
Près de vous on ne peut jamais manquer de verve;
Car vous avez les attraits de Vénus
Avec les talents de Minerve ”!
Os atrativos de Vénus. Bom
proveito. E, depois, esta senhora zomba dos portugueses velhos que “se babam de
amor!” Pudera não! Quando nos aparecem belezas mitológicas, a Vênus com a
sobrecarga de Minerva, a gente baba-se irrepreensivelmente.
Contra Castilho, faz-se eco das
inépcias do Sr. Teófilo Braga: — que ele conhecia imperfeitamente as línguas de
que “traduisait, traduisait, traduisait”.
Castilho aos vinte anos fazia versos latinos como Virgílio e franceses como
Lamartine. Acusa-o de inimigo acerbo do romantismo. Castilho escreveu a Noite
do castelo e Ciúmes do Bardo na afinação ultra romântica da Dama do Lago de W.
Scott e do caudilho das baladas românticas em França.
Tagarelando contra os clássicos,
a boa da romântica diz que surgiram em Coimbra os dissidentes da velha escola.
Os dissidentes eram Rebelo da Silva, Mendes Leal, Latino Coelho e Lopes de
Mendonça. Sim, estes inovadores saíram de Coimbra com o estandarte da rebelião
arvorado. Ora, Rebelo da Silva, como o reprovassem em latim, não voltou a
Coimbra; Mendes Leal e Latino Coelho nunca frequentaram a universidade, e Lopes
de Mendonça não sei se chegou a matricular-se em matemática. Deste infeliz
lutador, submerso em trevas quando as espancava com vertiginosa anciã de luz,
diz a ignorante que “ele consumira a maior parte da mocidade em dissipações”. O
meu pobre amigo, tu que aos quinze anos trocavas por pão escasso os teus
primeiros labores, não merecias ser apontado como vitima da tuas dissipações.
Contra Mendes Leal, a casquilha
poetisa em anos de prosa ejacula injuriosas calunias de plagiatos, e acusa
entre os livros deste escritor verdadeiramente polígrafo o Calabar, um romance
em que Mendes Leal declara que parte do seu livro é imitação. O autor da
Herança do Chanceler, ao meu ver, nas suas ocupações diplomáticas em Paris, não
tem tido vagar para atender ás princesas vadias.
De Rebelo da Silva conhece
“Odio”, “Velho vraô cauca”, e a «Ultima corrida de touros “reis em
Salvaterra”». É um bom titulo para uma simulcadência muito forte, peninsular,
talvez vestígio árabe. A Sra. Rattazzi, que assim escreve a língua portuguesa,
propõe-se traduzir a Historia da Inquisição de Herculano. Em inquisição de
torturas vai ela pôr a pobre língua, que ainda assim possui uma palavra
enérgica para interpretes deste quilate. Byron, encantado com a sonoridade do
termo, transmitiu-o como mimo filológico ao seu amigo Hodgson. Ela que o
fareje. Está na carta 37ª da coleção de Thomaz Moore — bom documento etnológico
que esqueceu ao Sr. Alberto Teles no seu interessantíssimo livro Lord Byron em
Portugal.
As insolências que desembesta à
cabeleira de Bulhão Pato como se explicam? Ela, prefaciando um drama que piorou
com o seu francês, disse que Alexandre Herculano escrevera um opusculo contra o
imperador do Brasil, e que o imperador, sem embargo da ofensa, vindo a
Portugal, visitara Herculano. A Sra. Rattazzi, muito admirada, perguntou, em
Paris, ao imperador que lhe contara o caso da ofensa e da visita: «Visitou
Herculano, Sire?» E D. Pedro II respondeu com um sorriso fino: «Sim, de certo,
visitei-o. Deveria eu castigar-me a mim por comprazer com o meu despeito?»
Leu isto Bulhão Pato, e saiu
honrada e severamente contra a calúnia; e vai ela agora, no livro Portugal “a
vôo de pássara”, explica o prefacio da comedia dizendo que se enganou — porque
lia muita coisa – atribuindo as Farpas a Herculano; e acrescenta que o imperador
não lhe emendara o “blunder”, o equivoco desgraçado, ouvindo-a sem lhe corrigir
o erro. Mas a Sra. Rattazzi, no tal prefacio sarapantão, diz que o próprio D.
Pedro II lhe contara que ele, ofendido, visitara o ofensor: “Don Pedro me l'aprit lui même à l'hôtel
d'Aquila”. Uma trapalhona!
Bulhão Pato emendou a parvolêza
da Sra. Rattazzi; e ela, em vez de se agachar contrita na humildade das tolas
conscienciosas, ergue-se nos tacões “benoiton”, e faz chalaças de “estaminet”
entre dois “petits-verres de anisette”.
Dos meus fúteis romances também chalacêa e não anda mal; — que todos os
meus livros se adivinham do terceiro em diante: um brasileiro, um namorado
sentimental, e uma menina em convento. Cita quatro novelas, e por casualidade
nenhuma delas tem “brasileiro”; porém, quanto a namorados, são tantos que nem a
senhora princesa é capaz de ter tido mais.
No mérito de “Júlio Diniz” faz os
descontos que o Sr. Ramalho lhe incutiu. Conhece os “Fidalgos de casa
mourisca”, e a “Morgadinha dos Canaviais”. Tenciona falar de Soares de
“Posses”, poeta portuense, cuja elegia do “sepulcro”, diz ela, se canta nas
ruas. Exalta o Sr. T. Braga que escreveu a “Visão das tempes”, e “As tempos
tades sanoras”, a «Historia do “direito” português», e os «“Traços” gerais da filosofia
“positiva”». Não se sabe se quer dizer “Traços” ou “Trancos”; talvez seja
“Tratos”, ou mais provavelmente “Trapos”, se não for coisa pior. Seja o que
for, pertence à filosofia “positiva”.
Conta que ele foi tipógrafo em
Coimbra “para pagar os estudos”. Não havia de gastar muito se pagou o que sabe.
Diz que o Sr. Braga é «filosofo, matemático, astrônomo, físico, químico,
biologista e antropologista» — o que se demonstra nos “Traços” acima.
Consta-me que o Sr. Chardron
consente que este opúsculo seja trasladado a francês e espanhol. Suspeita-se
que a Alemanha e o Reino-Unido pensam em o traduzir com uma grande sede de
ideias. Pois, se isto assim é, como não pode deixar de ser, bom será que lá
fora se leia em linguagem conhecida uma opinião ingênua a respeito do “escritor
moderno mais consciencioso de Portugal”, como a princesa, baseada em
antropologia e assás biológica, qualificou o Sr. Teófilo. De si próprio dizia
ele com paspalhona filáucia no Ath[ae]neum de Londres, “Revista do ano de
1878”:
«Atualmente a filosofia positiva
conta muitos admiradores em Portugal, e os novos espíritos disciplinados por
ela vão conhecendo com grande clareza de que trabalhos este povo precisa para
progredir.
Neste espírito acabam de sair à
luz os dois primeiros fascículos de uma Historia Universal, que a imprensa
portuguesa tem considerado como “uma renovação dos estudos históricos em
Portugal”; a noção positiva da historia e o esboço da historia dos egípcios
estão a par dos (muito “pardos”) modernos trabalhos da arqueologia
pré-histórica e egiptológica».
É o que pensa de si o
egiptológico Sr. Teófilo. Já lhe não basta o elogio mutuo. O oráculo, quando os
catecúmenos de cá o não incensam, trata ele de salvar na Inglaterra a reputação
da critica portuguesa, escrevendo que a imprensa lhe considera as farfalharias
uma “renovação dos estudos históricos em Portugal”. Ridículo até à compaixão!
Os livros do Sr. Teófilo são uma
balburdia, retraços de ciência apanhados a dente, mal mascados, um cérebro
atrapalhado como armazém de adeleiro, golfos do bolo não esmoido, coisas
apocalípticas, muito desatadas, em prosa deslavada, derreada, enxarciada de
galicismos, caótica, apontoado enxacoco de retalhinhos apanhados à toa numa
canastra de apontamentos baralhados e atirados para o prélo. Toda a farragem do
Sr. Braga é isto, creiam-me os
Pisões e a Sra. Rattazzi. A
cabeça toa-lhe a vazio, em competência com a da sua admiradora. Todo ele é uma
bexiga de gazes maus; quando a apertam, faz-se mister, como para o
“portugaison”, apertar o citado apêndice.
Diz que o Sr. Luciano Cordeiro é
um dramaturgo original: parece que a originalidade do Sr. Luciano Cordeiro está
em não ter escrito drama algum.
Reflexionando conspicuamente
sobre a nossa deplorável instrução publica, sai-lhe de molde contar que nós, os
portugueses, a um brasileiro que passa chamamos “macaca”. Que o brasileiro vai
passando, e nós dizemos: “É una macaca”.
Não é tanto assim; não se lhe
desfigura o sexo. Se a princesa, ao passar, ouviu dizer: “é una macaca”, isso
não era com o brasileiro.
E a propósito de “macaco”:
Tendo esta dama escrito
lisonjeiras coisas da gentileza e bonito feitio dos homens portugueses,
excetuou caprichosamente um criado do Hotel Mondego, o “José Macaque”. Diz que
ele tem uma “fealdade socrática”. Eu não afirmo que José Macaco seja um galan
com o perfil de Bathylo de Samos nem os três quartos do Cupido de Corregio.
Anacreonte de certo lhe não toucaria as louras madeixas de pâmpanos e rosas de
Teos, nem me persuado que Sodoma ardesse por causa dele ou de mim. Assim mesmo,
sem algum motivo estranho à plástica, a princesa Maria Letícia, indisposta com
José Macaco, não lhe perpetuaria no seu livro como num bronze de Esopo, a fealdade.
Devia de haver uma causal estética para injuria tão desproporcionada com as
culpas arguidas a José Macaco. A sua alteza não o baldeava à zombaria dos
seculos porvindouros pelo delito de lhe não servir “mayonnaise de lagosta à la
gele”, nem “mexilhões à provençal”. Indaguei, por intermédio de um meu amigo em
Coimbra, quais as causas ingentes dos ódios assanhados pela Discórdia ignívoma,
como diria Homero, entre Macaco e Princesa. Tentaria ele como o hediondo
Tersites da Ilíada arrancar com suspiros absorventes os olhos meigos da nova
Pantasilea? Trato de averiguar. Se a resposta não vier a tempo, dar-se-á em
apêndice suplementar.
Trata com amorável equidade o Sr.
G. “Junqueiro”. Acha-lhe belas coisas no seu “don Joan”, e que realça no estilo
menineiro, “enfantin”. O Sr. Junqueiro, se bacorejasse este obsequio, não metia
na sua Viagem à roda da Parvónia uma “Princesa Ratazana”, «em toilette
mirabolante, cheia de pedrarias e plumas». A princesa Ratazana da farsa dá um
jantar a líricos e satânicos, e canta:
“É um país singular
A pátria dos malmequeres!
Pôde-se dar um jantar
Ficando os mesmos talheres”.
Mas os convivas, a quatro libras
por cabeça, — o Sr. Guerra, “grátis” — põem-se nas flautas, e ela abisma-se no
buraco do ponto. A troça está impressa. Guerra Junqueiro vingou A. A. Teixeira
de Vasconcelos.
Este escritor, pródigo de gabos e
cortesias aos seus colegas, houve-se cavalheirescamente com a princesa. Fez
folhetim heráldico da sua raça corsa, do espírito e dos livros que eu apenas
conhecia de lhos ver citados no Dictionaire
de l'argot parisien, por Lorédan Larchey, Paris, 1872. Ela é autoridade em
gíria. António Augusto achava-lhe talento, e ia jantar com ela. O escritor
morreu; e a Sra. Rattazzi celebra desta arte a memória do seu panegirista e
hospede:
«“Antônio-Augusto Texeiro de
Vasconcelos”. O Casa nova português. Seria de mais chamar-lhe celebre, mas
notável por muitas distinções, sim. A primeira pelos grossos escândalos que
datam já de Coimbra, onde estudava; depois por grandes farsolices de que uns
riam, e outros choravam. Por algumas foi asperamente castigado. O que ele podia
melhor escrever eram as suas memórias; com certeza, tinha com que alvoroçar a
curiosidade publica. Pensaria nisso? É provável que sim, mas faltou-lhe o
tempo. Como quer que fosse, essas memórias só poderiam publicar-se depois dele
morto; se as publicasse em vida, correria o perigo do espatifarem». É uma
princesa a escrever de um homem falecido que a inculcara literata distinta no
“Jornal da
Noite”, mentindo à gente por um
excesso de cavalheirismo fidalgo que o desculpa, e mais relevante faz ressaltar
a ingratidão da leitora do “Casa nova”.
Crueza e indignidade que não
desafinam das tradições corsas da sua família; mas que será difícil
encontrarem-se num a senhora de “la haute vie”, uma irlandesa para além do
mais, uma Wyse, fina flor fanada da “Gentry”.
A Sra. Maria Letícia esteve no
Porto, onde «viu o “lindo riacho, Rio de Viela” que atravessa diversas ruas»;
conversou com a Sra. “Alveolos”, inglesa gorda que, por sinal, a não percebeu.
Conta-nos — digno Plutarco — a biografia da estalajadeira do “Francfort”, e viu
a confraria dos “Pénitents rouges a descer da colina para o rio, e parar com
tochas acesas à porta de uma casa mourisca com vidraças coloridas, e paredes
esmaltadas de adobes azuis”. Que diabo de visão! O Hofman não veria isto no
Porto sem beber muito de 1815. Os “penitentes vermelhos”!
Também esteve em “Cedeifata” e no
palácio de cristal, acompanhada “par le
savant docteur Ricardo Costa”. É admirável como ela, num lance de olhos,
apanhou as linhas intelectuais e cientificas do senhor doutor Ricardo Costa! Quantas
pessoas andam dúzias de anos à volta de um sábio sem o penetrar!
Na carta XXIII, esta mirifica
epistolografia mete a riso a nossa pronuncia nacional, os sons nasais, as
desinências em “oês” e em “aô”, que nos ficaram da língua “galoga”, e se
pronunciam “ouenche”, “anhon” «com um acento «violento de nariz que só bem pode
imitar-se pegando neste apêndice com a mão toda para bem proferir o
“portugaison”». Sim, ele é preciso pegar no apêndice para bem pronunciar o
“portugaison”.
Vence-me o tédio; mas não me
punge o remorso de ter lido 415 paginas. Tenho, porém, vergonha de que um ou
outro português, desnacionalizado por despeitos pessoais e políticos, se
compraza de ver os seus conterrâneos enxovalhados pela Sra. Rattazzi, cuja
maledicência é notoriamente europeia. O seu renome de desbragada sem-cerimônia
ganhou-o em Itália e Paris a ponto de lhe imputarem as brochuras crapulosas do
infame bandido Vésinier, um corcunda petroleiro que espingardearam em 71. Ele
publicara na Bélgica o Mariage d'une
espagnole com as iniciais “M. de S.”, em que muitos decifraram “Marie de
Solms”. Outros davam quinhão na torpeza a “Sch[oe]lcher”. Era uma calúnia que a
não pungiu grandemente; um dia, porém, o despejado amanuense de E. Sue fez
confissão publica e vaidosa de ter vendido esses farrapos de baixo alcouce aos
editores belgas.
A senhora princesa, se em vez de
“pufs” usasse calças e voltasse a Portugal, de certo acharia quem lhe desse
umas. Tem por si o arnês da fragilidade, posto que as senhoras um pouco
durázias, e por isso menos quebradiças, devem ater-se menos à
irresponsabilidade das qualidades vidrentas. Em todo o caso, a gente admira-se,
porque esta espécie de extravagancia não é vulgar, e só pode perdoar-se ao
talento que a Sra. Rattazi não professa. Tenha paciência. É uma patarata, “a ragged woman”, com uns quindins de
“mauvais aloi”, trescalando a “boudoir-Lenclos”, com umas guinadas de “verve”,
barrufadas de “champagne frapé”. De resto, é uma princesa que nos faz lembrar,
quanto aos seus diplomas principescos, a rainha Jacintha de negra memoria, e
quanto aos seus morgadios realengos não nos parece mais donataria que a ilustre
senhora da ilha das Galinhas. Em conclusão: o seu livro não é cano de
escorrências muito nauseabundas, nem é canal de noticias uteis, tirante a dos
hotéis infamados de percevejos; não é pois cano, nem canal; mas é canudo,
porque custa sete tostões; e — vá de calão — como troça e bexiga, é caro.
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Nota:
Camilo Castelo Branco - "A Senhora Rattazzi" (1880)
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