AS ASAS BRANCAS
I
Sempre o mesmo olhar doloroso!
uma constante expressão de magoa, esse abandono, que é o tédio da vida! Porque
é que na flor dos anos, quando a existência se purpúrea com todas as graças que
se entrevêem apenas em sonho e se veste das alegrias que a rodeiam, como uma
criança enfeitando-se destruída com as florinhas espontâneas, tu, bela,
sentida, deixas refletir pela transparência da tua face pura um clarão pálido e
incerto como de agonias e desespero, como a fosforescência de um grande mar que
estua? Diante de ti sente-se uma opressão estranha, a mudez sagrada de uma
grande floresta, o terror gélido, de quem entra na caverna de uma sibila.
Porque é que os teus vinte anos, as formas arrebatadoras do teu flexuoso corpo
de sílfide, que verga pela dor, mais languido e gentil do que a palmeira
solitária embalada nas bafagens mornas vindas da amplidão remota do deserto,
como é que toda esta adolescência, que te cinge como auréola de encanto e
atrativos, me faz ter medo de ti, me prende a voz temerosa e balbuciante, que
ousa ás vezes perguntar-te:
De onde vieste? Em que cismas?
Que véu te acena e está chamando de longe? Porque te escondes dos olhos que
choram de ver-te assim desolada, na consternação de uma angustia intraduzível
por palavras humanas? Porque não falas, e nos contas o que sofres? Porque te
deixas ficar horas esquecidas com a mão firmada ao rosto, suspensa numa
contemplação divina, irradiante, de um modo, que ninguém ousa dizer se és da
terra, se és a encarnação de alguma essência arcangélica que anda errante no
mundo a santificar o amor no sofrimento?
II
Ás vezes o teu semblante, onde se
pode ler um enigma que se não destrinça, tem a lividez de cera, e a claridade
que parece conter em si o jaspe. Então julgo ver-te uma santa, sob o aspecto de
penitente que acha em cada sucesso da vida uma tentação oculta nas aparências
mais risonhas, no folguedo mais descuidado e inocente, do mesmo modo que o
áspide se esconde no alegrete das mais perfumadas flores ou o sono letal na
sombra da mancinela verdejante e copada, aberta ao sol, como uma escrava
sustentando a umbela com que abriga do rigor das calmas a voluptuosa odalisca.
Os vinte anos são a alegria, a
inocência, a expansão; ainda não viveste bastante para provar o travo amargo da
vida, não sabes conhecer a tormenta que há de vir pela nuvem que negreja, nem a
bonança pelo santelmo, nem os parcéis pelo refluxo da vaga marulhosa, nem o
porto pelo perfume embalsamado da terra. Tu passas na vida como um meteoro
fulgurante que não procura aonde irá cair, como uma criatura sonâmbula que não
vacila, não hesita diante do abismo que transpõe, nem deixa possuir-se da
atração irresistível porque a desconhece. A vida é assim para ti; passas
despreocupada do mundo, levada na ondulação saudosa dessas vozes interiores que
te segredam mistérios indefiníveis que fazem sentir o desejo de voar para o
alto, até perder-se no azul.
Os teus cabelos, quando os deixas
cair destrançados sobre os ombros de marfim, agitados pela brisa vespertina que
vem confidenciar contigo á janela, que olha para o ocidente, esses cabelos
louros, extensos, são como as cordas de uma harpa, em que as imagens
incoercíveis de teus pensamentos vêm falar do céu, do amor, no frêmito ligeiro,
quase imperceptível das vibrações que só tu compreendes.
Consternada e muda como uma
estatua, a Niobe grega, o teu silencio incute uma sublimidade profética; parece
guardar a impressão do selo mais tremendo do Apocalipse,—a missão da mulher
forte.
III
Quem sabe se é o amor que a
transporta assim para as solidões, como a pomba que vai esconder-se na rocha
alcantilada? O amor que esmalta a vida de harmonias e encantos, que acorda as
virações para levarem longe o pólen fecundante, que abre o cálice das flores
para as abelhas tocarem os nectários deliciosos, que une o gemido do regato
trepido com o ruído, brando que adormece, do canavial que orna as margens
sinuosas? O amor é um amplexo, a identificação; como poderia divorciá-la com a
vida, mudar a sua alegria em uma tristeza que é como o pressentimento do
sepulcro? Aquele segredo incomunicável oprime, aterra como a esfinge propondo o
enigma.
Ela cada vez andava mais
desfalecida, pendia de cansaço, ofegava; mas procurava iludir os desvelos da
família com um vigor que não tinha, como sucede ao naufrago quase a aferrar a
terra, de que a ressaca da onda o afasta, e que hesita se deve lutar mais
tempo, se deixar-se engolir nas voragens do oceano. Gravitaria ela em volta de
um mundo em que procurasse absorver-se, e a vida da terra, de cá, fosse como o
refluxo que a impelia para longe? Pobre flor, que se debruça nas bordas da
sepultura, será uma ilusão quanto a sua alma ingênua sente? Serão uma mentira
todas as harmonias que se modulam lá dentro? O tapiz verde da relva fresca,
lúbrica, que a chama para vir doidejar ali num volteio feérico, febril,
esconder-lhe-a o lodo de um charco estagnado que a ha de engolir para sempre?
Tenho medo de vê-la assim, com os
olhos fitos no horizonte, nessa morbidez do estases; a vertigem pode sacudi-la,
e precipitar-se, como a borboleta prateada e indiscreta. A sua alma eleva-se
para o céu; porque voa tão cedo para cima a nevoa da madrugada, de uma alvura
nitente? A andorinha quando parte, voa na aza da rajada hibernal que a
arrebata.
Mas o mundo acariciou-a sempre;
porque se esconde pois e foge dele? Será a reminiscência viva do foco de luz de
onde saiu, que lhe inspira tamanha ansiedade, e lhe abre na alma uma saudade
vivíssima, que mata? Ás vezes está tranqüila, imóvel, como quem escuta a toada
de um concerto mavioso que embala e com que se adormece. Oh, quem ousará
despertá-la? Seria perturbar a cristalização de uma gota de orvalho que se
transforma em perola. Outras vezes tem o olhar pávido, firme, de quem contempla
e pasma ante uma visão imensa e augusta. Que aparição risonha virá falar-lhe?
Eros, na solidão remota da noite? Será o desejo de vê-lo, o desalento do
impossível, que a fazem reconcentrar assim nessa dor? Uma lagrima era a gota do
óleo aromático da alâmpada escondida; em vez de fazê-lo desaparecer, envolto na
nuvem branca e etérea, a lagrima trazê-lo-ia como um grande astro que atrai
após si miríades de planetas.
IV
A tarde declinava amena, festiva,
com o ultimo lampejo de graça que deixa pressentir já a melancolia do outono.
Emma ergueu-se da mesa; o rosto estava deslumbrante de transfiguração, possuída
do sentimento do infinito, que lhe dava uma expressão sobre-humana, excelsa,
que se não podia fitar, semelhante á Seráfita enlevada nas iluminações
swedenborgianas, ao transpor os precipícios icários, inacessíveis dos fiordes
da Noruega.
Naquela tarde parecia opressa por
uma angustia mais intima. Segui-a, queria admirá-la na altura a que se
remontava, queria que me fizesse herdeiro do seu manto profético, no instante
em que se librasse no carro de fogo, como Elias. E ela era bem a profetisa do
deserto. Aproximei-me. Estava serena e plácida, como quem mergulhara no oceano
da contemplação. De mais perto vi que dormia, com um sono hipnótico. Ficara-lhe
um sorriso estampado nos lábios; parecia o invólucro de uma crisálida
misteriosa; a borboleta voara para a luz, abandonara-o na terra.
Conservava então um livro sobre o
regaço; a mão inerte repousava sobre a pagina. Um leve sinal notava uma frase
profunda em que a alma se lhe absorvera: «Um anjo está presente a um outro, quando
ele o deseja.»
Procurei ver de quem era o livro.
Era escrito por Swedenborg, o patriarca dos teósofos do norte, o que levou mais
longe as relações com o mundo invisível. O livro intitulava-se: A sabedoria
angélica da onipotência, onisciência, onipresença dos que gozam a eternidade, a
imensidade de Deus.
Emma acordou de súbito. Senti um
estremecimento de terror, começava a compreender a sua solidão. Eu mesmo tinha
estudado a segunda vista, coligido alguns fenômenos de sugestão que se passavam
no meu espírito, conseguira por uma excitação nervosa perene a hipnotização voluntária.
Também no livro De varietate rerum descreve Jerônimo
Cardan a faculdade que tinha de experimentar o êxtases espontâneo, e de tornar
objetivas as imagens criadas na sua mente: «Quando eu quero, vejo o que me
apraz, e isto não só com o espírito, mas com os olhos, com essas imagens que eu
via na minha infância. Mas agora creio que elas são o resultado de minhas
ocupações. É certo que nem sempre possuo esta faculdade, contudo não a tenho
senão quando quero. As imagens que eu vejo estão sempre em movimento; é assim
que vejo as florestas, os animais, os diversos países e tudo quanto eu quero
ver. Creio que a causa de todos estes efeitos está na atividade da minha
imaginação e numa vista penetrantíssima. Desde a minha infância tinha de comum
com Tibério César o poder ver na obscuridade mais profunda, como em pleno dia.
Porém não conservei muito tempo esta faculdade. Apesar disso vejo ainda alguma
coisa, posto que não posso distinguir bem o que vejo; e atribuo este efeito ao
calor do cérebro, á subtileza dos espíritos vitais, á substancia do olho, e á
energia da imaginação.» (Lib. IV c. 43.)
É esta uma qualidade vulgaríssima
nos povos do norte, principalmente os insulares, conhecida sob a denominação de
Second sight. Aí a imaginação tendo
pouca variedade de paisagem que a fecunde, volta sobre si o que ha edificado e
exagera-lhe as proporções. Por isso as teogonias do norte são terríveis. As
avalanches suspensas a precipitarem-se, os nevoeiros difundidos por toda a
parte como um sudário imenso e frio, a aurora dos pólos a desdobrar-se
esplendida, tudo faz sonhar de um mundo fantástico, escutar essas toadas vagas,
indefiníveis dos espíritos que se anunciam pelo ressoar de uma harpa longínqua.
O dom da visão é comum; é assim na ilha de Ferroe. Que virgens se não ostentam
numa aparição repentina, e que o vidente procura, sem nunca mais poder
encontrá-las! Balzac, o observador sem igual do coração, sentiu toda a poesia
do norte no poema de Seraphita; é um mistério, o enlace da filosofia e da
poesia, um êxtases indecifrável de Swedenborg, contemplado nas fiordes da
Noruega. O delírio de Seraphita é o problema incessante da percepção imediata;
o seu amor é mais puro que o ideal de Diotima, é ele que lhe dá a segunda
vista.
Taishatrim e Phissichin são os
nomes que em língua gaélica se dão aos que tem esta faculdade. Os fatos
observados são inúmeros, o seu estudo é dos nossos dias. Kant combateu a
doutrina visionaria de Swedenborg, mas não atendeu que este fenômeno físico era
todo sentimental; viu no patriarca dos videntes do norte um impostor. A vida
exemplaríssima de Swedenborg é um desmentido completo e irretorquível aos
argumentos desta ordem.
Como explicar a inspiração
continua, a segunda vista? A alma paira entre dois mundos—o físico com que se
relaciona pelos sentimentos, o psíquico com que se relaciona pelos
pressentimentos; se é atraída para o mundo dos corpos, predominam nela os
instintos, e as sensações, todas relativas, só lhe advém pela presença dos
objetos; se a alma por um desejo veemente se eleva do estado de anima ao de spiritus, os sentimentos desprendem-se do nexo das relações
terrestres, e conhecem tudo independente das sensações pela representação
subjetiva. É o que acontece aos poetas, cantando a beleza de formas não
sonhadas, a reminiscência de harmonias não ouvidas.
VI
Emma estava naquela tarde tão
afável! tinha por certo a consciência de ir em breve completar-se na essência
de algum anjo. As suas falas eram como suspiros. Lançou-me um olhar
interrogativo, de quem temia fazer-me uma pergunta indiscreta. Eu
desconhecia-lhe aquela afabilidade de serafim, costumado a vê-la sempre aérea,
desdenhosa do mundo, radiante como na transfiguração do Thabor. Apertei as mãos
dela entre as minhas, queria tirar um som deste instrumento celeste, cujo
segredo de harmonia era só percebido pelos anjos. Se pudesse desferi-lo, havia
de perguntar-lhe o motivo de tanta tristeza, a intensidade dessa dor tão
intima, tão espiritual, que se não pode exprimir na materialidade fônica da
palavra. Ela adivinhou o meu desejo:
—Tens uma vontade
enérgica?—perguntou-me quase a medo e de um modo sibilino. Seria uma frase
abrupta para qualquer, e ininteligível até; eu porém que devo á atividade só desta
faculdade tudo quanto sou, as grandes dores, os impulsos irresistíveis, as
glorias sonhadas, a realização dos mais exíguos apetites, que a encontro na
intensidade absoluta do Fiat, que é Deus, que a vejo nos grandes fatos do
espírito, a Religião, o Direito e a Arte: na religião manifestando-se
emotivamente na fé; no direito, no acordo dos contratos individuais; na arte,
no ponto onde os gostos diversíssimos se harmonizam, isto é o belo; eu, repito,
compreendi aquela interrogação na sua plenitude. E começava a conhecer mais o
poder da vontade porque acabava de observar o resultado do ato em que a
exercera.
Emma fitou-me com um olhar
profundo; o semblante era majestoso e santo, como o frontispício de uma
catedral da Idade Média; as flechas, as linhas arquitetônicas a infinitivarem-se
para o alto, eram os seus cabelos; o olhar, o olhar que me oprimia nesse
instante, era misterioso como uma ogiva sombria. Tive o medo do neófito, quando
ouve mugir a caverna, e escoar-se a brisa gélida e olorante pela fenda do penhasco,
e quase que se esvai em terra sem sentidos, ao ver atônito as convulsões do
hierofante. Emma perguntou-me se eu cria nas relações com o mundo invisível.
Hesitei um instante, depois volvi:
—Creio, mas não as sei demonstrar
por uma fórmula, que, embora refutável, tenha valor filosófico.—Ela ouviu-me
com o pesar e serenidade de uma jovem esposa na sua viuvez, que ouve o filhinho
a perguntar-lhe pelo pai. Depois murmurou, encostando a face sobre o meu peito:
—És tão novo ainda, e porque
matas em ti já o sentimento pela reflexão? A reflexão é fria, é terrena, não
compreende sem decompor para recompor. Como se há de ela elevar ao simples, ao
absoluto, que tem por atributo supremo a indivisibilidade? A luz, que é
incoercível, não se espelha na face quieta do lago? O sentimento é assim; só
ele te pode levar além das relações e das contingências. A substancia é única;
esta essência dela é que prende pela unidade a multiplicidade dos atributos.
Todas as vezes que te absorveres na unidade que te alia como atributo ou modo á
substancia, entraste na essência de todas as cousas, porque o simples que atua
nesse momento em ti, é o mesmo em que tudo existe. Vibra em ti a harmonia
universal.
E continuou com palavras quase
imperceptíveis. Estava em êxtases, no êxtases da abstração, como o sentia
Newton quando determinava a essência de uma ordem de fatos complexos, na lei
que havia ficar eterna, e a que havia imprimir o seu nome. Tive vontade de
lançar-me por terra, diante daquele espírito incompreensível; precipitava-me se
ela me dissesse como satanás, quando arrebatou Jesus ao pináculo do templo: — Haec omnia tibi dabo, si cadens adoraveris
me.
VII
Quando Emma saiu da sua mudez
sublime, recostou-se sobre o meu ombro com uma graça infantil:
—Ainda não sabes porque ando triste?
Olha, uma tarde, pus-me a escutar o murmúrio de um regato; parecia-me ser uma
musica interior. Tive vontade de saber o que dizia, de confidenciar com ele, de
comunicar minha alma, que aspirava numa sede de amor. Ao trepidar mavioso da
veia cristalina, cismava, devaneava, enleada, embevecida. Adormeci. Pareceu-me
então aquele cicio, como de azas de um querubim que baixasse a meu lado; via a
claridade de alvura de suas roupagens longas, estava silencioso ao pé de mim.
Mostrava a expressão da serenidade augusta, uma aparência que consolava.
Acordei, e o mundo afigurou-se-me um desterro, a vida um cárcere, tinha uma
impaciência de voar, de fugir, o desejo irrepresível de tornar a ver o
semblante risonho daquele que me veio mostrar o mundo intransitável para a
vida, como sarçal espinhoso. De outra vez apareceu-me, brilhante como Iahveh na
sarça ardente. Era sempre silencioso. O amor emudecia-me diante dele, quis
segui-lo na visão que se esvaecia lentamente, mas o corpo estava preso aos
limos terrenos, como o cordeiro que se prende nas urzes do matagal. A ânsia do
extremo esforço despertou-me. Foi assim que nasceu essa melancolia profunda,
concebida diante do impossível. Mais tarde conheci o mistério da vontade;
isolei-a em mim, para revocar o ente dos meus sonhos á realidade de um
instante. Quase que me abrasava na intensidade do querer. Ele apareceu-me mais
triste. Perguntei-lhe se amava? Sorriu-se. Que era preciso para completarmos
uma mesma essência? o sorriso converteu-se em uma alegria doida, e disse-me vagamente—voa
da terra. Nunca mais tornou a visitar-me no desolamento em que vivo. A vida
assim é o vegetar do lichen na umidade das lagrimas derramadas de hora em hora.
Porque não hei de voar da terra?
VIII
Ouviu-se trindades nesse
instante; cerrava-se a noite, frigida; o luar vinha saudoso. Emma pediu-me para
deixá-lo só. Por alta noite via-se a luz derramar-se pela vidraça do seu
quarto, luz viva, silenciosa, como da alâmpada do filósofo hermético
surpreendendo a natureza em algum dos seus segredos mais recônditos.
Emma lia no livro predileto, que
eu deparara aberto sobre o regaço. Pouco depois começou a alvorada. Quando o
silencio era mais solene e a natureza inteira parecia reconcentrar-se em santos
mistérios, sentiu-se em casa um estrondo surdo, como o baque de um corpo morto,
depois o bracejar, de quem se debatia nas vascas do paroxismo. Ergueram-se á
pressa, foram após o eco. Era no quarto de Emma. Seria algum pesadelo longo? A
porta cedeu á prontidão do socorro. Foram encontrá-la em terra, morta, a pouca
distancia do fogão, que saturava o ar ambiente de exalações carbônicas. O corpo
já estava frio; o rosto tinha a palidez do mármore. A pouca distancia dela
estava aberto o livro fatal das exaltações místicas de Swedenborg.
Lia-se esta frase profunda:
«A inocência dos céus produz uma
tal impressão na alma, que os que são afetados dela guardam um transporte que
lhes dura toda a vida, como eu mesmo experimentei. Basta talvez ter uma mínima
percepção para ser para sempre mudado, para querer ir aos céus e entrar assim
na esfera da Esperança.»
Seguiam-se outras palavras. Tive
medo de ler mais, porque começava também a sentir a sedução da melancolia e
reconcentração subjetiva, que leva ao suicídio.
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Nota:
Teófilo Braga: "Contos Fantásticos" (1865)
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Advertência:
Alguns termos inseridos neste conto podem apresentar sentidos obscuros, podendo ser o resultado de erros no processo de digitalização da obra ou mesmo termos específicos atreladas ao contexto histórico no qual viveu o autor. Assim, caso possa contribuir para o esclarecimento de algumas dessas dificuldades ortográficas, por gentileza entre em contato conosco, no e-mail: iba@ibamendes.com
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