domingo, 22 de setembro de 2013

Delminda Silveira: "Edelweiss"

EDELWEISS

— O que farias tu para me provares o teu grande afeto? pergunta a loura Margarida a seu enamorado Alberto!

— Oh! Se assim te apraz, responde-lhe afoito o mancebo, subirei ao mais elevado dos Alpes, e, com risco de minha própria vida, arrancarei a flor que nasce em suas geleiras para a depositar no teu seio como troféu do meu incomparável amor!

— Pois bem; a bela torna, vai, traz-me o Edelvais; eu te esperarei no vale. Hei-lo a escalar a imensa cordilheira, suspensa por sobre o abismo que o fascina. Lá viceja a linda flor; um instante mais, e colhê-la-á. Estende a destra, firmando-se sobre a esquerda que segura fortemente uma planta da montanha; agora sim: tocou-a, prendeu-a ...mas, no movimento que faz quebrando-a ao hostil, perde a segurança e despenha-se na voragem profunda!

Um grito de dor atroz reboou no vale; uma mulher parou a beira do precipício, sua vista mediu-lhe a profundeza e a vertigem derrubou-a!

Só a Morte ciumenta e cruel! guardou no frio seio o precioso e fatal

Edelvais!

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Nota:
Delminda Silveira: "Lises e Martírios" (1908)

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