EDELWEISS
— O que farias tu para me
provares o teu grande afeto? pergunta a loura Margarida a seu enamorado
Alberto!
— Oh! Se assim te apraz,
responde-lhe afoito o mancebo, subirei ao mais elevado dos Alpes, e, com risco
de minha própria vida, arrancarei a flor que nasce em suas geleiras para a
depositar no teu seio como troféu do meu incomparável amor!
— Pois bem; a bela torna,
vai, traz-me o Edelvais; eu te esperarei no vale. Hei-lo a escalar a
imensa cordilheira, suspensa por sobre o abismo que o fascina. Lá viceja a
linda flor; um instante mais, e colhê-la-á. Estende a destra, firmando-se sobre
a esquerda que segura fortemente uma planta da montanha; agora sim: tocou-a,
prendeu-a ...mas, no movimento que faz quebrando-a ao hostil, perde a segurança
e despenha-se na voragem profunda!
Um grito de dor atroz
reboou no vale; uma mulher parou a beira do precipício, sua vista mediu-lhe a
profundeza e a vertigem derrubou-a!
Só a Morte ciumenta e
cruel! guardou no frio seio o precioso e fatal
Edelvais!
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Nota:
Delminda Silveira: "Lises e Martírios" (1908)
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