A ALMA
Mamã, nem todas as crianças que morrem vão para o Paraíso. O outro dia vi levar
para o cemitério um menino que tinha morrido; o seu papá e as suas duas irmãzinhas
acompanhavam o caixão, e choravam tanto que me fazia pena. Iam a chorar porque
aquele menino tinha sido mau, não é verdade?
Não; naturalmente foi sempre bom, e a sua alma, enquanto choravam seus pais e suas irmãs, já estava vivendo feliz no Paraíso.
A alma? mamã; não sei o que é; não compreendo bem.
Maria, acabas de me dizer que tiveste pena de ver chorar as duas pequerruchas.
Tive sim, mamã, tive muita pena.
Ora bem, o que é que no teu corpo estava desconsolado e triste? eram os braços?
Não, mamã.
Eram as orelhas?
Oh! não mamã, era cá dentro.
Esse lá dentro, Maria, é a tua alma que se alegra ou se entristece, que te repreende quando fazes o mal, e que está satisfeita quando práticas o bem.
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Fonte:
Guerra Junqueiro: "Contos para a Infância", Publicado originalmente em 1877. Poeteiro Editor Digital. São Paulo, 2015. Disponível digitalmente no Projeto Livro Livre
Guerra Junqueiro: "Contos para a Infância", Publicado originalmente em 1877. Poeteiro Editor Digital. São Paulo, 2015. Disponível digitalmente no Projeto Livro Livre
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