SONETO DE TODAS AS PUTAS
Não
lamentes, ó Nize, o teu estado;
Puta tem
sido muita gente boa;
Putíssimas
fidalgas tem Lisboa,
Milhões de
vezes putas têm reinado;
Dido foi
puta, e puta de um soldado;
Cleópatra
por puta alcançou a coroa;
Tu,
Lucrécia, com toda a tua proa,
O teu cono
não passa por honrado: (cona)
Essa da
Rússia imperatriz famosa,
Que ainda
há pouco morreu (diz a Gazeta)
Entre mil
piças expirou vaidosa;
Todas no
mundo dão a sua greta;
Não fiques
pois, ó Nize, duvidosa
Que isso
de virgem e honra é tudo peta.
SONETO DE TODOS OS CORNOS
Não
lamentes, Alcino, o teu estado,
Corno tem
sido muita gente boa;
Corníssimos
fidalgos tem Lisboa,
Milhões de
vezes cornos têm reinado.
Siceu foi
corno, e corno de um soldado;
Marco
António por corno perdeu coroa;
Anfitrião
com toda a sua proa
Na fábula
não passa por honrado;
Um rei
Fernando foi cabrão famoso
(Segundo a
antiga letra da gazeta)
E entre
mil cornos expirou vaidoso;
Tudo no
mundo está sujeito à greta;
Não fiques
mais, Alcino, duvidoso,
Pois isto
de ser corno é tudo peta.
SONETO DA COPULA CANINA
Quando no
estado natural vivia
Metida
pelo mato a espécie humana,
Ai da
gentil menina desumana,
Que à
força a greta virginal abria!
Entrou o
estado social um dia;
Mandou a
lei que o irmão não foda a mana,
É crime
até chuchar uma sacana,
E pesa a
excomunhão na sodomia;
Quanto,
lascivos cães, sois mais ditosos!
Se na
igreja gostais de uma cachorra,
Lá mesmo,
perante o altar, fodeis gostosos;
Enquanto a
linda moça, feita zorra,
Voltando a
custo os olhos voluptuosos,
Põe num
altar a vista, a ideia em porra.
SONETO DO CARALHO DECADENTE
Com quem
magoas o não digo! Eu nem te vejo,
Meu
caralho infeliz! Tu, que algum dia
Na
gaiteira amorosa filistria
Foste o
regalo do meu pátrio Tejo!
Sem te
importar o feminino pejo,
Atrás da
mimosa virgem, que fugia,
Ficando a
terna, fadigada Armia,
Lhe
pegavas no coninho um beijo.
Hoje,
canal de fétida remela,
O
misantropo do país das bimbas,
Apenas
olha a cândida donzela!
Deitado
dos colhões sobre as tarimbas,
Só com a
memória em feminil canela
Às vezes
pívia casual cachimbas.
SONETO DA DAMA A CAGAR
Cagando
estava a dama mais formosa,
E nunca se
viu cu de tanta alvura;
Porém ver
cagar a formosura
Mete nojo
à vontade mais gulosa!
Ela a
massa expulsou fedentinosa
Com algum
custo, porque estava dura;
Uma carta
de amor de limpadura
Serviu
àquela parte malcheirosa;
Ora mandem
à moça mais bonita
Um escrito
de amor que lisonjeiro
Afetos
move, corações incita;
Para o ir
ver servir de reposteiro
À porta,
onde o fedor, e a trampa habita,
Do sombrio
palácio do alcatreiro!
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Fonte
"Toda a Poesia: Antologia Poética". Poeteiro Editor Digital. São Paulo, 2015.
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