SONETO I
Ao Paca do Rio de Janeiro, indo de Lisboa
são, do muito gálico que trouxe
Putaria do sul,
gentinha fraca,
Convosco falo,
cagaçais do Rio;
Que vendo ao longe
as vergas de um navio
Altos vivas
cantais ao vosso Paca:
Não tarda muito,
vai numa sumaca
Que em horror do
pirata e do gentio,
No tope leva um
piçalhão de brio,
Que o vento açouta
ao modo da matraca:
Vista a senha,
rapai todas a crica,
Que o duro
batedor, que nunca enjoa,
Lá no signo de
virgo em terra fica:
Que para esfrega
de uma moça boa
Sararam-lhe os
colhões e cresceu-lhe a pica
Por milagre das
deusas de Lisboa.
A vila de
Guimarães, que é a pátria do amor
Olha tu,
Guimarães, das cortes velhas
Nenhuma a primazia
te disputa;
Ainda que baixa,
és terrinha enxuta,
Onde são bem
chuchadas as botelhas:
Panelas, socos,
nabos e cemelhas
Do país foram
sempre a melhor fruta;
Só dos dois
animais o frade, e a puta,
Podas ter de
alquiler três mil parelhas!
Daí vêm os heróis
de marca e selo,
Que indo as honras
buscar ao chão acima,
Acabam laureados
de capelo:
Assim Jove
imortal, que os bons estima,
Te ponha a mesma
mão pelo cabelo,
Que pôs há tempos
em Calhau de Lima.
SONETO II
A certas moças que traziam engodados os
basbaques, que por elas deixavam cardar
Há certas
semi-putas nesta terra,
A quem lerdos
basbaques fazem tolas;
Que vivendo de
ganchos, e gaiolas,
As honradas
pretendem fazer guerra:
As Dauphnis (por
exemplo) andam na berra
Entre quatro afetados
mariolas,
Que espertas devem
ser, mas são patolas,
Que a sagaz
cambadinha em vida enterra:
Quem as vê
lambisgóias, faladoras,
O chiste já sediço
repetindo,
Se é bolônio, ele
crê que são doutoras:
O laberco porém,
que esta medindo
Quanto dista de
putas a senhoras,
Caga nelas, e
deles se vai rindo.
SONETO III
A certa moça, chamando velho ao autor, que
ainda se não tinha por tal
Não te escondo a
guedelha encanecida,
Nem da rugosa
fronte a cor já baça;
Conheço que o meu
lustre, a minha graça
Foi por duros
Janeiros destruída:
Confesso, ainda
que é já bem conhecida,
Que a idade minha
dos cinquenta passa;
Mas juro que ainda
tenho grossa maça,
Qual teso mastaréu
a pino erguida:
Se és hidrópica
mestra fodedora,
Daquelas que
procuram com trabalho
Lanzuda porra,
porra aterradora:
Minhas cãs não te
sirvam de espanta1ho;
Põe à prova o teu
cono, e sem demora
Verás então se é
velho o meu caralho.
SONETO VI
A certa Messalina dos nossos tempos, a quem
se pode aplicar o que Juvenal dizia da romana
Essa altiva
mulher, cara de borra,
Alta, magra,
amarela, tola e feia,
Casada com um
ourives que laureia,
Ténue dote comendo
à tripa-forra:
Também ninguém
duvida que Ihe escorra
Pelas pemas humor
de gonorreia;
É tão puta, que
diz à boca cheia
Que jamais se
acolheu farta de porra:
Se a não fartou do
Braga um caralhote
De vinte, nem do
Arrobas um caralho
Nem outras porras
mil, todas de lote;
Como há de
saciá-la o seu paspalho,
Que tendo uma
barriga como um pote,
Tem piça menor que
um dente de alho?
SONETO CXXXIX
A um sargento-mor de Alcácer, por nome Pedro
de tal, que mandava o seu retrato à sua noiva
Um olho cor de
esponja, outro albacento,
cinco dentes fronteiros
putrefatos,
casaca, veste, e
todos os mais fatos
tudo roupa de
preso, assaz nojento:
A peruca, de pêlo
de jumento;
a bolsa, ninho de
um casal de ratos,
as tombas sempre
avulsas nos sapatos,
besuntadas as
meias de unguento:
Este o Pedro
primeiro galicado,
que tem sido da
história para adorno
do exército de
putas atacado:
Com que, Filis,
falemos sem suborno:
veja você, depois
de estar casado,
se um traste
destes deixa de ser corno?
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